O Brasil na rua, ou, o Brasil das ruas

De uma forma mais elegante decidiu-se chamar as pessoas que moram e vivem na rua de pessoas em situação de rua.

Legal, já não é fácil e assim nada como um pequeno gesto de respeito.

As pessoas de verdade, com raras exceções, não moram na rua porque querem. Moram porque não têm onde morar e assim não se trata de uma decisão, mas de uma decorrência.

Portanto, melhor e mais verdadeiro, dizer-se dessas pessoas que se encontram em situação de rua, e alimentando a esperança que em algum momento voltarão a ter um teto para elas e para suas famílias.

No ano passado foi divulgado um dado sobre os brasileiros em situação de rua. Brasileiros e alguns estrangeiros que fugiram ou refugiaram-se no Brasil. Os dados são de responsabilidade do Ministério da Cidadania.

Em janeiro de 2020, 60 dias antes da eclosão da pandemia, 140.199 famílias encontravam-se em situação de rua. A partir de março os números foram crescendo. 144 mil em maio, 151 mil em outubro. Aí um respiro, algumas famílias encontraram abrigos, e em novembro o número caiu para 145 mil. Mas voltou a subir. E alcançou em meados de abril de 2022 – 154.794 famílias. E há 4 meses, dezembro de 2022, o número saltou para 281.472.

Objetivamente, e por alguns meses, a pandemia intensificou as dores das pessoas em situação de rua, mas, as razões da permanência desse tipo de comportamento e alternativa de vida, são de outra ordem e mais profundas que a pandemia, e demandariam um conjunto de medidas de médio e longo prazo. E o desafio não é exclusivamente nosso, Brasil.

Em todas as grandes cidades do mundo pessoas em situação de rua, em maior ou menor intensidade é uma realidade. E a principal razão é de ordem econômica, embora outras razões persistam.

Pessoas preferem “morar” próximas do lugar onde conseguem fazer algum dinheiro, como ambulantes; ou, conseguir alguma comida, encontrar uma forma de tomar banho e resolver outras necessidades, do que ir e vir todos os dias passando parte do tempo espremidas em conduções lamentáveis…

Salvo exceções, pessoas preferem viver, ainda que precariamente, onde a vida acontece.

Apenas isso.

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