
A segunda bolha. Silenciosa e horizontal
A primeira bolha da internet, do digital, da chamada Nova Economia eclodiu na virada do milênio. A segunda, agora, num universo muito maior, e pipocando todos os dias o que atenua seu impacto visual e sonoro. Mas, simplesmente, monumental. Nas duas bolhas um mesmo protagonista, Masayoshi Son, do Softbank.
Da primeira bolha, trago para vocês o relato do livro do economista Sebastian Mallaby, “The Power Law” livro diminuído e mediocrizado no Brasil com o título pífio de uma tradução literal e burra, “A Lei da Potência”. Se, e para ser literal, o título deveria ser A Lei do Poder… Mas o melhor título seria mesmo Os Bastidores da Nova Economia…
Na página 229 do livro Mallaby introduz Masayoshi, no eclodir da primeira bolha. Diz Mallaby, “Masayoshi Son, que por um breve período chegou a ser a pessoa mais rica do mundo, perdeu mais de 90% de sua fortuna. Munido de capital durante os anos de expansão, muitas sociedades de capital de risco não viam como movimentar o dinheiro. Alguns devolveram dólares não investidos a sócios externos, outros pararam de levantar novos fundos, e os poucos que tentaram arrecadar dinheiro foram rejeitados por financiadores…
O Vale do Silício perdeu duzentos mil empregos entre 2001 e o início de 2004; os outdoors nas estradas ficaram sem anúncios, e os doutores em física passaram a trabalhar como garçons. Como disse na época um empreendedor, “estar no Vale do Silício é entender que só as baratas sobrevivem e você agora é uma delas…”
Corta para segunda-feira, 8 de agosto de 2022. Masayoshi Son convoca coletiva de imprensa que abre, confessando, “Estou Envergonhado”. Ou seja, de novo, Masayoshi, um dos principais, talvez o principal protagonista do eclodir da segunda bolha do digital. No segundo trimestre de 2022, provavelmente, o ponto mais fundo da bolha, o conglomerado de investimentos e fundos sob a gestão de Masayoshi e seu Softbank registrou perdas da ordem de US$23 bilhões.
Em suas declarações Masayoshi disse que seu Softbank está se impondo um exercício dramático de cortes de custos e de forma generalizada. Segundo ele, seus fundos foram fortemente impactados pela onda mundial da queda no valor das ações das empresas de tecnologia, mais as perdas cambiais que impactaram o iene – o iene atingiu sua pior cotação em relação ao dólar no mês de julho passado….
Ao terminar sua coletiva, e reconhecendo estar pagando o preço decorrente do açodamento e superficialidade nas decisões de investimentos e compras de participações, Masayoshi disse, “Se tivéssemos sido um pouco mais seletivos e investido apropriadamente não teria doido tanto…”
Ou seja, amigos, estamos vivendo a eclosão da 2ª grande bolha da internet. Só que desta vez, e como o universo de novas empresas é muitas vezes maior do que quando eclodiu a primeira bolha, o barulho, os prejuízos, e as consequências,
ficam mais diluídos, atenuados.
Mas, as perdas seguem descomunais…
Em tempo, dentre as empresas onde o Softbank investiu no Brasil figuram a Creditas, Kavak, Loft, Mercadobitcoin, Quintoandar, Olist, Vtex, Único, Madeiramadeira, Rappi, e outras mais, e que também e desde então, e em quase sua totalidade, seguem procedendo a cortes significativos em seus quadros e investimentos.