Todo o cuidado é pouco. Ao se analisar alguma forma de comunicação considerar não apenas seu phocus – a pessoa ou pessoas a quem a comunicação se destina –, mas também todos os demais stakeholders para não chutar a canela desnecessariamente de quem não tem nada a ver com isso e muito menos merece. O fato é que o Itaú pisou na bola. Com os dois pés! Meses atrás…

Colocou no ar uma campanha para valorizar os serviços que presta, e estupidamente desancou todo um setor de atividades – bares, restaurantes e os milhões de pessoas que trabalham nesses negócios. E ainda com a agravante que aquele era o pior momento das últimas décadas desse negócio, e de milhões de pessoas… Conclusão, revolta generalizada. O maior banco do país comportando-se como comportam-se os canceladores de plantão nestes tempos de pandemia. Itaú cancelador: inaceitável!

Provocada a revolta, imediatamente, mais que retirar a campanha do ar, o Itaú conseguiu a proeza de sumir com a campanha. Depois de devidamente denunciado e cobrado pela Abrasel, Associação que representa o setor e em comunicado assinado pelo seu presidente Joaquim Saraiva, e onde, dentre outras coisas, diz,

“Todos sabem do verdadeiro extermínio que sofre o setor de restaurantes no País devido a pandemia, centenas de milhares de pequenos empresários perderam suas economias, milhões de trabalhadores perderam seus empregos, fornecedores e prestadores de serviços foram atingidos pelas tenebrosas consequências, que ainda persistem, em meio a tormenta, os estabelecimentos, corajosamente, tudo fazem para sobreviver, pagar suas dívidas, trazer seus clientes de volta, tocar a vida e ajudar a reconstruir o País. Foi nesse cenário que todos puderam assistir a uma publicidade do Banco Itaú nas estações de TVs e mídias sociais, mostrando que funcionários dos estabelecimentos tratavam os clientes com negligência, estupidez, desrespeito, desgastando a imagem dos estabelecimentos, o que sabidamente não corresponde à verdade, em especial nos dias que vivemos, quando o atendimento do cliente é cercado de todo tipo de atenção. Ao contrário disso, são comuns nas agências do banco as filas de espera, inclusive de pessoas idosas. A imensa maioria dos estabelecimentos que tentaram obter empréstimos no banco durante a pandemia não o conseguiram e os que conseguiram foi por dar garantias e aceitar juros abusivos, graças aos quais o Itaú faz bilhões de reais de lucro, mesmo durante a pandemia.”

Além de tirar a campanha do ar, de recolher todo o material, o Itaú publicou uma nota pífia nos jornais do dia 8 de junho, tentando fazer um anúncio criativo e cheio de graça, com o título, e tripudiando sobre milhares de seus clientes comerciantes que ofendeu: “bares e restaurantes: nosso pedido hoje é de desculpas” …

Tudo o que conseguiu foi escalar e multiplicar por 10 a indignação dos donos de bares e restaurantes, assim, como das centenas de milhares de trabalhadores desse território. Tudo o que deveria dizer é, erramos, e estamos pedindo desculpas, encarecidamente, e garantimos que isso jamais voltará a acontecer.

Além claro, de despedir os irresponsáveis pelo absurdo. Apenas isso.

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  • Madia, particularmente estou “p da vida” com o Itaú. Ainda tenho conta lá por facilidade e verdadeira falta de opção, mas no passado mudei o valor da recarga do meu Sem Parar de R$25,00 para R$50,00. O resultado foi que o Itaú não acatou a minha alteração, feita no site do Sem Parar, e não debitou o valor da recarga. Assim, tomei 2 multas. Para recorrer, pedi para o banco me mandar uma carta dizendo isso, porém se recusaram esclarecer, por escrito, que não houve da minha parte tentativa de evasão. Acabei “morrendo” com as 2 multas, da ida e da volta. Lamentável o desprezo do Itaú com seus clientes.

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