O “não tenho nada com isso”, ou, “não é de minha conta”

Redes sociais, bancos, marketplaces, comércio eletrônico, e outras organizações durante os últimos 20 anos não têm o menor constrangimento em dizer “não é de minha conta”, ou, “não tenho nada com isso”, ou, “não sou responsável” … e por aí vai.

Pedem os dados das pessoas, guardam os dados das pessoas, pedem cartões de crédito e códigos de segurança, promovem produtos e serviços, fazem transações, e no final, se algum golpe acontece, dizem, “não tenho nada com isso”. Têm! Têm e muito! São responsáveis. Os dados foram entregues em confiança!

Lembram de Saint-Exupéry, “Você se torna responsável por todas as pessoas que conquista…”. Assim, até mesmo e na literatura são responsáveis, quanto mais nas leis, na ética, e nos códigos básicos e elementares de comportamento.

E a cada dia que passa o cerco vai se fechando e as empresas – todas – vão ter que se preparar para assumir suas responsabilidades. Não só pelas regulamentações a caminho, mas por decisões em processos formando jurisprudência, e enquanto a regulação não chega.

Um bom exemplo, acaba de ser dado em decisão da 1ª Câmara de Direto Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, que manteve a decisão de um Tribunal de Arbitragem que condenou uma rede social por fornecer dados de perfis que determinaram a venda de produtos falsificados.

Aquele papo de, “mas não fui eu quem vendi, apenas promovi a aproximação entre as partes”, acabou, não se sustenta, não para em pé.

É isso mesmo. E por isso, e antes de promover o fantástico encontro entre quem quer comprar e quem quer vender, todas, tem mais que obrigação de verificar os antecedentes do vendedor antes de autorizar o uso da plataforma.

E assim será, cada vez mais e em maior intensidade, daqui para frente. Quem pariu Mateus, Antônio, Pedro, Berenice e Terezinha não apenas que os embalem, como também se responsabilize pelas pontes que fez e encontro que proporcionou com novos compradores e futuros clientes.

“Mas eu só fiz a aproximação” não cola mais. Sem a aproximação não existe negócio, e assim, e como a vida nos ensinou, ao apresentarmos um desconhecido a um amigo ou cliente nosso, tácita e implicitamente estamos avalizando esse estranho.

A impunidade, final e felizmente, próxima do fim.

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