Tudo bem que a situação do grupo Casino na França e outros países é difícil, mas deveria, se sobrasse um mínimo de juízo a seus dirigentes, preservar talvez a sua principal galinha de ovos de ouro, o Pão de Açúcar, aqui no Brasil.

O Pão de Açúcar sempre foi o sonho de todas as demais organizações supermercadistas. Construído e posicionado nos melhores e mais estratégicos espaços muito especialmente da cidade de São Paulo, totalmente voltado para as pessoas que têm dinheiro, classes A e B, nadava tranquilo e de braçada num quase que oceano azul. Verde, talvez, pelas cores do Pão de Açúcar.

Depois que o Casino conseguiu concretizar a compra, e não obstante todas as manifestações de arrependimento de Abilio Diniz, o Pão de Açúcar do Casino ainda viveu seu ápice, momentos de glórias, e brilhava de forma intensa e espetacular. Tudo o que fazia dava certo, inclusive na melhor e mais bem-sucedida operação de vendas de produtos através de cupons de compras e álbuns onde as pessoas iam colando esses cupons ou selos.

E aí a crise na França gradativamente foi chegando ao Brasil e os pés sendo enfiados pelas mãos. Durante duas décadas construiu, a partir dos tempos do Abilio, o melhor e mais invejado programa de loyalty dentre todas as demais empresas. O Pão de Açúcar Mais.

Hoje, seus clientes não sabem mais exatamente a que programa pertencem, na medida que fez parceria com a Raia Drogasil e criou o programa Stix. No lançamento o “release” das duas empresas dizia, “Com 60 milhões de clientes a Stix opera como uma carteira única de pontos nacional, e que conta com o Extra, Pão de Açúcar, Drogasil e Droga Raia.” Naquele momento o Pão de Açúcar já anunciara uma nova promoção com a coleção de selos para a compra de talheres que foi cancelada para decepção e revolta de seus clientes mais que acostumados com os selinhos a cada final de compra.

Mas, como caos pouco é bobagem, o Pão de Açúcar, Grupo Casino no Brasil, foi se superando nos desastres. Mergulhou no caos e tenta convencer seus clientes de décadas a mergulhar junto.

No ano retrasado, Estadão, sábado, 18 de setembro, caderno Economia, página B7, traz matéria assinada pela jornalista Talita Nascimento. O título já provoca nos clientes normais do Pão de Açúcar arrepios, comichões e perplexidades. E não por culpa da Talita que procurou desempenhar sua função da melhor maneira possível. É que o Pão de Açúcar virou um hospício, mesmo.

O título diz, “GPA fará entrega para lojistas de seu marketplace…”. E agora, e no texto, transcrevemos um pouco para que vocês não sintam tonturas, diz, “O Grupo Pão de Açúcar (GPA) anunciou ontem que seu marketplace terá uma plataforma que atenderá os lojistas que precisarem dos serviços de envio… No próximo ano, a companhia passará a oferecer a possibilidade de que os lojistas virtuais – os sellers – armazenem produtos nos centros de distribuição do GPA. Depois, e no estágio mais avançado do programa, lojas da rede serão transformadas em agências onde os parceiros poderão deixar seus produtos e os clientes, retirá-los…”.

Mas, não para aí o que esse Pão de Açúcar anuncia que passa a fazer. Diz, “A princípio, serão dois serviços: o de entregas e o de postagem. No primeiro caso, a malha logística do GPA retira a mercadoria no endereço do lojista e faz a entrega ao cliente. No segundo, o vendedor pode usar a tabela de preços da companhia, que é mais barata, para enviar seus produtos pelo Correios…!!!” Pode gritar Socorro!!! Sim bem alto… Mais alto ainda, SSSOOOCCCOOORROOO!!!!

Nossa total solidariedade a Talita Nascimento que deve ter sofrido para escrever a matéria. De lá para cá, quase dois anos, a situação só piorou. Nem mesmo as pessoas que trabalham no Pão De Açúcar – conheço algumas – conseguem entender o que é o Pão de Açúcar, hoje. E, concluindo seu esforço supremo, Talita termina dizendo, “A expectativa da companhia é de que os serviços diminuam em até 40% o custo do frete para os consumidores e em 25% os prazos de entrega atuais, além de possibilitar um aumento de 40% na capacidade de volume de entregas…”. What???!!!

Talita, mesmo que aconteça alguma economia, esse valor e duas ou três vezes mais terá que ser investido no tratamento mental de todos os envolvidos.

Finalizamos com algumas palavras em francês em respeito ao momento que vive o Pão de Açúcar no Brasil, em decorrência do desvario que hoje pontifica nas decisões do Grupo Casino: Folie, Fou, Dingue, Insensé, Folle, Delire, Demence, Cingle, Debile, Idiot, Betise, Delirant…

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