Histórias da pandemia: abatidos em pleno voo

O negócio de eventos de todos os tipos e dimensões acorda no quase pós-pandemia, literalmente, destroçado. Tudo ou foi cancelado, ou adiado.

Os Jogos Olímpicos, por exemplo, há 8 anos preparados pelo Japão, cidade de Tóquio, com a construção/adequação de um bairro específico para o evento, e que deveria ter acontecido no ano de 2020, saltou, diminuído e minimizado, para 23 de julho a 8 de agosto de 2021, com uma série de adaptações, e com a maioria dos japoneses preferindo que a Olimpíada fosse ou adiada novamente, ou cancelada de vez.

Começamos este comentário com um evento top, que mexe com todo o mundo, e desse top a crise desce impiedosa e devastadora por todos os tipos de eventos, festas, comemorações.

Num final de semana de abril, a Folha publicou um caderno específico falando do negócio de festas. E dentre as festas, a que é parte integrante da vida da maioria das pessoas, o casamento.

Atrás de um casamento, por menor e mais simples que seja, existem muitos fornecedores. E a vida das empresas especializadas em festas, mais especificamente em casamentos, virou um inferno.

Muitos dos eventos foram ou adiados três ou quatro vezes, começando por uma primeira data em 2020, e hoje, esse mesmo evento, já reprogramado para 2022, quem sabe, 2023…

Na matéria da Folha, e no depoimento de diferentes empresários do negócio das festas, cada vez que se adia, e, principalmente, cancela um evento, o estrago econômico e emocional é, simplesmente, brutal.

Na contratação são feitos adiantamentos, os preparativos seguem com muita emoção e alegria, e aí vem a pandemia, o cancelamento, e o clima de alegria acaba se convertendo, muitas vezes, em brigas absurdas.

Um dos players desse território, disse, “O cancelamento é o nosso bicho-papão. Imaginem se 30 casais cancelam e tenho que restituir uma parte do que foi pago? A empresa, por mais organizada que seja, sucumbe…”.

Dentre as entrevistas, selecionamos para compartilhar com vocês um trecho da concedida pelo estilista Sandro Barros, um dos preferidos por noivos e famílias da cidade de São Paulo. Disse Sandro, “Sempre fizemos de três a quatro vestidos por final de semana. Este ano, 2020, não… Completamente atípico. Num primeiro momento todos os casamentos foram adiados para o segundo semestre. A noiva de abril saltou para julho, depois outubro… Muitos eventos agora estão remarcados para 2022…Tento me reinventar o tempo todo, porque na minha atividade não existe nenhuma possibilidade do online. Vestido de noiva tem que ser provado, algumas vezes, e faz parte do ritual… Os poucos casamentos que não foram adiados tiveram sua dimensão totalmente reduzida. De centenas para meia dúzia de convidados, pequeno almoço, modelos simples, e, ponto… No desespero fizemos uma coleção de máscaras de algodão. Somando todas as vendas até agora ainda não alcançaram o valor de um único vestido de noiva…”.

Em síntese, amigos, das situações que as empresas de festas de todos os tamanhos viveram, naquele momento, duas mais que complicadas.

A primeira e que ainda tentam se recompor até hoje, com todos os clientes que definitivamente desistiram, cancelaram suas festas, e querem de volta o adiantamento… Adiantamento esse que já foi utilizado para a compra de material, por exemplo.

E a segunda, que as agendas estão absolutamente lotadas, mesmo que nenhuma festa esteja sendo realizada. Com os sucessivos adiamentos, a maior parte de datas para festas de finais de semana, até o final deste ano e primeiro semestre de 2023, está bloqueada. E assim, e sem saber o que fazer ou para onde correr, as empresas de festas partem para as devoluções, e não têm a mais pálida ideia de quando as festas adiadas sucessivas vezes, finalmente, irão acontecer…

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