Os que chegam antes, e os que chegam depois

Via de regra, é parte da história, os mais antigos, com mais anos de vida, têm uma grande vantagem sobre todos os que chegam depois. A vantagem do tempo de vida, da experiência, dos aprendizados.

Com uma única exceção. Momentos como o que o mundo vive hoje, momentos de disrupção. Ampla, total, irrestrita. Nessa situação excepcional, quase sempre chegar antes é uma tremenda desvantagem.

Por exemplo, qual a vantagem que as novíssimas fintechs levam em relação aos bancos tradicionais? A excepcional vantagem para este momento excepcional em que não tem passado para resolver, apenas presente e futuro para se preocupar.

Assim, e enquanto hoje os maiores bancos do País correm atrás para dar fim a seu passado, para encerrarem milhares de agências que não servem mais para nada além das despesas que dão, as fintechs correm atrás de seus sonhos, propósitos, e tentam colocar seus posicionamentos em pé.

O mesmo é rigorosamente válido para os países. Países que nasceram nas últimas décadas levam, neste momento específico, tremenda vantagem competitiva sobre os mais antigos, nascidos há séculos ou milênios atrás.

Um ótimo exemplo deste comentário é um pequeno ensaio comparativo entre um país que nasceu ontem, e outro há mais de 500 anos, Estônia e Brasil. Encontra-se na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios e é assinada pela jornalista Ana Laura Stachewski.

A Estônia, nasceu, grosso modo, meses atrás, quando se tornou independente, desgrudando formalmente da antiga União Soviética. E por nascer em meio ao tsunami tecnológico, nasceu moderna.

Assim, é até injusto confrontarmos os números da Estônia com o Brasil, tão grande é a diferença de tamanho dos países, mas, um benchmark importante de como devemos pensar daqui para frente e acelerarmos no processo de construção de um Novo, Moderno e Tecnológico Brasil.

Estônia, 1991, Brasil 1500. Estônia com 1,3 milhão de habitantes e 1.380 startups; Brasil com 212 milhões de habitantes e 22.200 startups, assim Estônia 1 startups por mil habitantes, e Brasil, 1 por 9,5 mil habitantes.

Daqui para frente, relaciono exclusivamente alguns dados da Estônia:

  • Governo digitalizado. 99% dos serviços públicos disponíveis online; como dizem os estonianos, as únicas coisas ainda impossíveis de se fazer pelo digital é casar e descasar-se.
  • Adota um sistema tributário que privilegia a liberação de capital para os investimentos das empresas e vem sendo considerado, por 8 anos consecutivos, o mais competitivo entre todos os membros da OCDE.

Considerando, por outro lado, as desvantagens de ser pequeno, e a quantidade reduzida de cidadãos e contribuintes, assim como outros países pequenos e modernos, a Estônia viu nessa desvantagem uma tremenda oportunidade e criou a figura do e-residency, cidadãos de outros países que podem obter uma identidade digital que possibilita a abertura e gestão de uma empresa na Estônia e administrá-la à distância. Hoje já são 93 mil empreendedores que adotaram o e-residency de 179 países diferentes.

E por aí vai a matéria e as informações sobre um dos mais jovens países do mundo, a Estônia, considerado dentre todos os países o Mais Digital do Mundo, e que sob muitos aspectos deveria converter-se em referência no processo de construção de um Novo e Moderno Brasil.

O Brasil não precisa de uma reforma. Precisa de uma revolução. Chega de adiarmos o que é necessário de ser feito, e pararmos de alimentar o autoengano. Talvez, nossa maior e mais deletéria especialização…

Felizmente, nem todos enlouqueceram… Mergulhando nessa maluquice de vender tudo, de tudo, para todos…

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