Em entrevista à CNBC, no mês de junho 2021, Brian Chesky, um dos fundadores do Airbnb, quase em lágrimas afirmou, e referindo-se ao efeito da pandemia: “Levamos 12 anos para construir o Airbnb e perdemos quase tudo em questão de quatro a seis semanas…”.

Em verdade a pandemia causou um grande estrago no negócio do Airbnb, mas as verdadeiras razões de preocupação dos fundadores da empresa bilionária são de outra ordem. É que dia após dia, a sucessão de problemas gravíssimos em decorrência do sistema de hospedagem fragiliza a sustentabilidade da empresa que encantou e ainda encanta o mundo. Os riscos inerentes ao produto Airbnb são de grande dimensão e inadministráveis. E os problemas, acidentes, crimes, assim, vão pipocando em diferentes lugares do mundo.

Depois de anos de relativa calmaria, ou de pequenos acidentes contornados, algumas situações trágicas vão se revelando e multiplicando, expondo os elevadíssimos riscos que o sistema Airbnb envolve.

Na edição de Exame do mês de julho, 2021, uma grande matéria da Bloomberg Businessweek. E que começa com um crime ocorrido em Nova York, no primeiro andar de um prédio na Rua 37, há poucos quarteirões de Times Square.

Um grupo de turistas australianas hospedou-se num edifício e em imóvel Airbnb no Ano-Novo de 2015. Terminado os festejos, uma das jovens deixou as amigas num bar e voltou ao apartamento. Não percebeu a presença de um homem, com uma faca, foi estuprada, acionou a polícia, conseguiram prender o bandido. Rapidamente a equipe de segurança do Airbnb saiu a campo, levaram a vítima para um hotel, trouxeram sua mãe da Austrália… Dois anos depois, e em acordo, um cheque de indenização de US$ 7 milhões foi pago à vítima pelo Airbnb…

Casos como esse em outras e menores proporções repetem-se em todo o mundo e assim o Airbnb vai constatando na prática, que as pessoas não são exatamente – todas – como idealmente gostaria que fossem, e que estranhos não necessariamente podem e devem confiar em estranhos.

Some-se a isso a briga crescente de prefeituras em todo o mundo questionando a legalidade do tipo de serviço que o Airbnb presta, e que por sinal não está previsto na quase totalidade das convenções de condomínios. Assim, mais que a pandemia, os fundadores do Airbnb, hoje, convivem com consistentes dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo atual, da ideia original e genial que deu fama e fortuna a todos eles, em poucos anos…

Na matéria da Bloomberg Businessweek, publicada por Exame, a informação que nos últimos anos, e em média, o Airbnb vem gastando US$ 50 milhões para pagamentos tanto a anfitriões e hóspedes, em decorrência de “acidentes de percurso” nessa relação de relativa ou pouca confiabilidade…

Na matéria, outros casos de assassinatos e crueldades, e que tornam extremamente complicada a abertura de capital e a continuidade do Airbnb, nos termos atuais… Ou, e se preferirem, o modelo que trouxe o Airbnb até aqui não o levará mais a canto algum…

Ou muda, ou é inviável.

Não pode alegar surpresas. As fragilidades do modelo de negócio são brutais e fora de controle, repito. E os processos na justiça amontoam-se…

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