Conhecemos o uísque dentro de casa. O Madia. Na casa dele. Bauru, Avenida Rodrigues Alves, 979, telefone 792. Início dos anos 1950. Nas melhores casas da cidade, era costume ter uma garra de Old Parr para os momentos de celebrações. Já para os momentos triviais, o velho, bom e confiável Cavalo Branco. White Horse.

Nos bailes de Carnaval do Bauru Tênis Clube os homens, boa parte deles, e para não pagar o uísque mais caro do clube, levavam numa garrafa de guaraná Antarctica algumas doses… Dentre outros, o pai do Madia, Carlos, e seus tios Zézito e ZédeFranco.

Em São Paulo, as novidades foram se revelando. Numa certa época, o Ballantine’s. De uma forma fugaz, o Pinwinnie com seu gosto característico e o roxo na embalagem ocupou algum espaço. Mas, por pouco tempo.

E enquanto isso, e correndo por fora, em raia própria, e dentre os bourbons, foi se impondo o Jack Daniel’s. Até hoje o preferido de muitos de nossos leitores. E agora, neste preciso momento, o mais conhecido e admirado uísque bourbon do mundo, Jack Daniel’s, diante de seu maior desafio.

Tudo começa com um escravo do Tennessee, que ensinou Jack Daniel’s a fazer aquele tipo de uísque. Descoberta recente de autoria de uma escritora afro-americana, Fawn Weaver.

Em férias em Cingapura, Fawn leu sobre Nearest Green, um escravo que passou a receita do Jack Daniel’s a Jack Daniel’s. Decidiu passar a limpo. Pegou um avião em Los Angeles e foi para Nashville. Inscreveu-se em três tours na destilaria, e, nada… Nada de se falar de Nearest Green…

Foi atrás, recorreu a livros, bibliotecas e mais documentações, resgatou a linha do tempo entre Green e Daniel’s, e concluiu: Green não apenas ensinou a ciência e a arte de produzir um determinado tipo de uísque a Jack Daniel’s, como foi o primeiro mestre destilador negro dos Estados Unidos, trabalhando para Jack. Conclusão, e devidamente contratada pela destilaria, Fawn segue escrevendo a verdadeira história de um dos uísques mais emblemáticos do mundo.

Porém, como diria Paulinho da Viola, “Ai, Porém” – sempre tem um, porém – nos ensinamentos de Green, para aquela cor e gosto, a presença de um… Fungo!

Isso mesmo, fungo. E neste exato momento, o hoje conhecido fungo do etanol, mais conhecido como fungo do uísque, é figura presente em muitas destilarias.

E a gritaria que repercute e reverbera em todo o mundo localiza-se no Condado de Lincoln, Tennessee. Onde os moradores, cansados e revoltados, reclamam de uma crosta escura que foi tomando conta de residências, carros, placas de estradas, comedouros de passarinho, e tudo o mais que fica ao ar livre. Águas das piscinas, também, cheirando a Jack Daniel’s…

Para envelhecer seu famoso e consagrado uísque, cuja produção não para de crescer, a destilaria precisa construir mais e mais barrelhouses – casas de barris – e que as novas barrelhouses trariam para a cidade – mais de US$ 1 milhão em impostos… E aí instalou-se uma megaconfusão.

Segue a briga, cresce a fama de Jack Daniel’s, e mais alguns dias e ninguém fala mais nisso. Mas, e se for uma empresa competente e madura, e consciente do valor de sua marca, certamente a Jack Daniel’s encontrará uma outra forma de envelhecer seu uísque, sem precisar disseminar seu “flavor” por toda a comunidade e vizinhança.

Desafio de branding que empresas maduras e consistentes superam com relativa facilidade. Ou não?!

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