Tag: NATURAL DA TERRA

Negócio

Para BS – Branding Schizophrenia, só, BR – Branding Rescue

Todas as vezes que uma grande empresa sai às compras no mercado, muitos dos seus acionistas e profissionais vão à loucura e ao delírio. Absolutamente convencidos que o 1 + 1 será, no mínimo 3. E concluída a aquisição, festas, coletivas de imprensa, convenção, anúncios, até que, e numa segunda-feira caem na real, e precisam demonstrar, na prática, que não obstante o indisfarçável açodamento, a decisão de comprar fez sentido. Que, e no mínimo, 1+1 = 3. Algumas vezes, poucas vezes, isso acontece. E duas hipóteses e circunstâncias principais. Quando existe, de verdade, uma compatibilidade cultural verdadeira entre as empresas, da qual decorre com maior facilidade uma sinergia operacional; e, numa segunda espécie, quando a empresa compradora possui em seus quadros profissionais qualificados para realizarem a incorporação. Mas, e na maioria das vezes, e mesmo nas compras razoavelmente bem-sucedidas, sempre sobra um gosto de fel, de amargor, no final dos processos. Isso, repito, quando e excepcionalmente dá certo. Quando a aquisição é exclusivamente no embalo, entusiasmo, sob forte emoção, a tragédia é mais que previsível, e de dimensões monumentais. Dois casos recentes ilustram com exemplos de retumbantes fracassos, e que se não foram a principal causa da crise que as empresas compradoras atravessam, no mínimo, ofereceram terrível e desnecessária contribuição. O primeiro dos exemplos é o da Natura, que durante décadas, construiu, na prática, um dos mais admiráveis brandbooks da história do capitalismo no Brasil. “Porém, ai, porém” ─ como cantava Paulinho da Viola ─ e num determinado momento, com alguns de seus principais acionistas convencidos que podiam tudo, comprou, em pouco espaço de tempo, três grandes organizações: The Body Shop, Avon e Aesop. E mergulhou ─ e digladiam-se, agora, para separar e sair ─ na maior crise de sua história. Já vendeu a Aesop, e muito provavelmente, se encontrar comprador, venderá a The Body Shop. Claro, se conseguir. Mas o preço do desatino é monumental e avassalador. Sobrevivendo ─ e deve sobreviver ─ permanecerão cicatrizes definitivas. E agora, as últimas notícias, decisão do mês de maio, revelam a soma da Natura com a Avon… Socorro! Um quase incesto. Depois de comprar a empresa onde se inspirou, propõe morarem juntas e acordarem numa mesma cama, mediante integração das equipes… Socorro, de novo. E o outro exemplo é o da Americanas, que lá atrás, mas já convivendo com uma crise gigantesca em seus balanços, mas ainda desconhecida do público e da quase totalidade de seus acionistas, saiu às compras. E, em muito pouco tempo fez um rapa no mercado, comprando a rede de hortifruti Natural da Terra, e ainda o Grupo Uni.Co, com suas marcas e lojas Imaginarium e Puket. E agora, e como não poderia deixar de ser, coloca tudo à venda. Mais ou menos o que acontece conosco quando comemos alguma coisa de forma incorreta ou açodada. E engasgamos. Na maioria das vezes conseguimos desengasgar sozinhos. Em outras e poucas, se não tiver alguém para um ou muitos tapas nas costas, corremos até o risco de morte. Mais ou menos o que vivem Natura e Americanas neste momento. Forte engasgo que, se bobearem, pode ser fatal… E que, em sobrevivendo, um longo e desafiador caminho de BR – Branding Rescue. Até terem de volta o equilíbrio e a lucidez. Superando a BS – Branding Schizophrenia…
Negócio

A disrupção da disrupção

A última fronteira do varejo on-line sempre foi e continuará sendo o comércio de perecíveis. Frutas, verduras, carnes e vegetais. O que o mundo aprendeu até agora é que além dos desafios da armazenagem e conservação, ainda tem as componentes da aparência, e a insegurança de se saber se o produto é fresco de verdade. De qualquer maneira, e mesmo com grandes players tendo desistido da missão, muito especialmente através de soluções centralizadas, como fez a Americanas, em 2021, quando decidiu entrar nesse território também, mas, privilegiando a proximidade e assim comprou uma empresa especializada e com 73 lojas, a Natural da Terra, algumas ainda insistem que é possível, e mais, conseguem convencer investidores e gestores de fundos. Dentre essas, chegou ao Brasil em setembro de 2021, com muito ânimo e um bom dinheiro, a startup mexicana, Justo. A Justo foi fundada na cidade do México, no ano de 2019, e posicionada como o primeiro supermercado on-line de verdade. Com os demais itens clássicos dos supermercados, mas, com o supermercado por inteiro, e incluindo os perecíveis. De certa forma, e contrariando a componente sharing do mundo moderno, o compartilhamento, a Justo pretende fazer tudo com equipe própria. Incluindo equipe exclusiva, uniformizada, com um mesmo discurso, e entregando sempre com hora marcada. Lembram ainda os comedidos, sensíveis e céticos, que a frota de veículos terá que ser construída especialmente para essa missão, na medida em que é absolutamente impossível trabalhar-se com todos os perecíveis numa mesma temperatura. Cada caminhão de entrega terá que ter no mínimo três compartimentos com temperaturas diferentes, o que complica ainda mais a manipulação dos perecíveis. Ou seja, mil e uma interrogações sobre as perspectivas de sucesso dessa iniciativa… Nenhuma empresa sobrevive de ótimas intenções que na prática ou revelam-se impossíveis, ou, economicamente inviáveis. Não vai dar certo.
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 13/01/2022

ALGUMAS MÁGICAS JAMAIS DARÃO CERTO. Por mais “JUSTO” que seja a intenção. É melhor ter JUÍZO, como fez a AMERICANAS, do que tentar e querer ser “JUSTO”.