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Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 19/10/2021

ELE, RUBENS MENIN, O EMPRESÁRIO DA ATUALIDADE. E dois de seus pensamentos sobre o “envelhecimento do capitalismo” e o “estágio” em que nosso país se encontra.
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Negócio

“Já Que”: O vírus mortal no ambiente corporativo

Em meio à pandemia, e na sucessão das novidades no ambiente corporativo e dos negócios foi identificado um vírus mortal. Com poder de contaminação nas empresas tão ou mais devastador que o Coronavírus nas pessoas. Trata-se do vírus “Já Que”. Já que faço isso, porque não fazer aquilo, mais aquilo, aquilo outro também… E… Tudo! Semanas atrás se sentia no ar uma tendência de todos decidirem ser e fazer tudo. Da virada do ano para cá se constata a presença desse vírus numa dimensão e intensidade inimagináveis. Todas as vezes que o vírus foi diagnosticado a semelhança é total no processo de contaminação. Acontece no exato momento em que um outro vírus – o da estupidez –, inocula-se nas empresas. Os sócios, diretores e profissionais da empresa passam o tempo todo olhando para dentro, e, olhando para fora. “Fulano, você viu o que a empresa A fez? Agora, e além dos produtos e serviços que vende, está vendendo muitos e outros produtos e serviços também… Será que não poderíamos aproveitar e também fazer o mesmo?” E aí a galerinha ou galerona de tecnologia, preocupada apenas com o faturamento decorrente de milhares de horas a mais de programação, respondem, com empolgação – “claro que dá. Se quiser podemos começar a adaptar agora a nossa plataforma que foi desenvolvida para vender geladeira para também vender banana, automóvel, casas e apartamentos, planos de saúde, ingressos para o futebol, Bíblia, urinol e jaca…”. É o vírus do Já Que. Já Que faço isso, faço aquilo, aquilo outro também, e o que não faço posso fazer… Todos vendendo tudo! Decidimos fazer o “Já Que Teste” nos jornais de um dia qualquer. Abrimos no caderno econômico em busca de manifestações do vírus Já Que. Manchete, Bancos Digitais avançam em parceria com o varejo. Não vamos transcrever todas as manifestações da presença do Já Que em poucos parágrafos, mas separamos algumas. “O C6, banco digital, acaba de abrir seu Marketplace.” Seus clientes têm cartão de crédito e débito, e Já Que vão acionar o banco podem muito bem aproveitar e fazer suas compras no próprio aplicativo – marketplace – do banco. Diz o C6 no texto, “A estratégia é fazer dinheiro com a recorrência, aproveitar as várias visitas dos clientes do cartão ao banco para oferecer produtos e serviços… Nossos clientes entram em média 21 vezes por mês para consultar saldo, fazer pagamentos e transferências… Nosso marketplace – diz o C6 – atenção amigos, o marketplace de um banco, socorro! – têm 40 mil itens entre vestuário, eletrônicos, pet shop, livros, mediante parceria com o Magalu e agora pretendemos integrar supermercados e farmácias…”. Já o Já Que também contaminou o Banco Inter… Está na mesma matéria do Estadão, “O Banco Inter que no mês passado recebeu um aporte de R$ 1,2 bi quer usar metade dos recursos para aquisições de ponta, como um marketplace, por exemplo…”. E por aí vai. Não se fala em outra coisa. O Já Que, muito em breve, provocará um fastio e revolta monumental dos clientes, pessoas, nós. Usaremos uma espécie de máscaras-filtros todas as vezes em que acessarmos um aplicativo do que quer que seja, nos prevenindo dos aplicativos JQMP – Já Que Marketplaces. 100 anos atrás faltava tudo, nós éramos colocados em fila, brigávamos por senhas, para um dia, quem sabe, termos acesso a um produto. Dos anos 1990 para cá com a multiplicação ao infinito da concorrência saímos das filas e fomos tratados, pela parcela das empresas modernas, competentes e sensíveis como reis. E agora, na corrida desembestada de milhares de empresas contaminadas pelo Já Que, estamos sendo atropelados, desrespeitados, invadidos, por serviços precários. Se para a Covid-19 e a decorrente pandemia, alguns mecanismos preventivos foram se revelando e sendo adotados, para a Pandemia do Já Que a solução é muito mais fácil e está na ponta dos dedos. Delete. Delete para sempre. As milhares de empresas que no apetite desmesurado, pantagruélico de abraçar o mundo, Já Que abrimos a porta de nossas casas para elas, agora tentam enfiar goela abaixo de todos nós, com serviços de péssima qualidade, desde camisinha, passando por filé mignon, cartão de crédito, xarope São João, pen drive, palito de fósforo, macarrão, mega-sena, Chuchu, berinjela, pinga, alface, Biotônico Fontoura, e, Rum Creosotado, lembram?. “Veja ilustre passageiro, o belo tipo faceiro que o senhor tem a seu lado. E, no entanto acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o o Rum Creosotado…”. Isso posto, mais que na hora de lançarmos baldes e baldes de Rum Creosotado nos milhares de empresas Já Que que atormentam nossas vidas, e caminham inexoravelmente para um mais que justo e merecido fracasso. O Já Que leva a pior das mortes. Sem dor, sem sofrimento, apenas milhares de empresas que passam a ser, mais que merecidamente, ignoradas pelos clientes. Clientes que confiaram nelas pela qualidade de suas especializações, e essas empresas, alucinadas, agora abusam tentando vender tudo, de todos, de forma porca e indiscriminada e medíocre. Parafraseando Mario Quintana, todas essas empresas aí Já Que, atravancando nosso caminho, computadores e smartphones, enchendo nossa paciência: “Elas passarão… Eu, passarinho!”
Negócio

Os Menin

Volta e meia, em intervalos de anos ou década, uma família ocupa a cena e passa a chamar a atenção de todos. Desde a crise descomunal do mercado imobiliário, 2015 a 2018, uma família pontificou pela razão que uma de suas empresas, a MRV, constituiu-se na única, exclusiva e brilhante exceção. Enquanto quase todas as demais naufragavam, a MRV nadava em recordes e recordes de vendas e lucratividade. Enquanto as principais cravavam suas fichas em imóveis para a classe média ou mercado corporativo, a MRV apostava tudo na chamada Minha Casa Minha Vida. De forma precisa e consistente, tomou conta do território. A trajetória de sucesso dos Menin começa em meados dos 1970. Filho de família de classe média, Rubens Menin, sempre esteve no sangue a vocação para edificar. Seu avô paterno era engenheiro especializado em hidrologia tendo construído mais de 30 pequenas centrais hidrelétricas, e seu pai Geraldo e sua mãe Moura também eram apaixonados por engenharia. Rubens começa como estagiário na Vega Engenharia que pertencia a um de seus primos. Forma-se em engenharia civil em 1978 pela Universidade Federal de Minas Gerais, e em 1979 junta-se a própria Vega Engenharia, a seu irmão Sergio Menin Teixeira de Souza, e nasce a MRV. Hoje Rubens, presidente do conselho, 63 anos, tem a companhia de seus 3 filhos, Rafael, Maria Fernanda e João Vitor, assim como seu irmão Sergio e sobrinhos Eduardo, Sergio e Ana Tereza. Em 1994, cria o Banco Inter, em 2009 a Log – construção e locação de galpões industriais, e no dia 9 de março, decolou com sua incursão pela mídia, sendo o franqueado da CNN para o Brasil. Por enquanto seus negócios caminham bem. Mas a dimensão dos investimentos que vem realizando para montar e colocar no ar a CNN Brasil, num momento onde as plataformas de mídia definham, começa a gerar preocupações. Pessoas próximas à família comentam sobre a preocupação pelo fato do orçamento para a montagem ter mais que dobrado as previsões iniciais. Ser franqueado da CNN em nosso país foi uma decisão que ele, Rubens Menin, tomou em apenas 48 horas.   No estilo Masayoshi Son, do SoftBank que investe bilhões em questão de minutos. E meses depois descobre erros sucessivos. E muitos especialistas comentam que, se Menin respirasse, e esperasse no mínimo uma semana antes de decidir, provavelmente não teria feito negócio. Assim, continuaremos acompanhando com atenção e até torcendo pelo empresário brasileiro que apostou num dos supostamente piores e mais arriscados negócios da atualidade. Assim, e mais que nunca, a família Menin, seus diferentes empreendimentos, é a família de empresários a ser acompanhada! Pelo retrospecto espetacular, e por um investimento, no mínimo, temerário. Repito, todos torcendo pelos Menin. Que decolaram com o mais importante investimento de suas vidas, no exato momento em que o Coronavírus invadia o Brasil: Março de 2020.