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Negócio

Uma mudança consistente numa suposta tendência irreversível

Brasileiro gosta de cerveja e ponto. Não se discute mais. Era verdade. Desde que nasceu, em todas as esquinas, reuniões de família, festas, batizados, aniversários, dominava a cerveja. Pela simples razão que era absurdamente acessível. Portabilidade, preço, distribuição. E para os não iniciados, absurdamente acessível porque empunhada por seus pais, tios, avós. Até existiam aquelas mais que queridas tias velhas que tomavam uma cervejinha nos finais de tarde. O Madia tinha 3 mais que queridas, Orlinda, Cila e Dó que antes do jantar, às 4 da tarde, tomavam uma Caracu. E enquanto isso, o vinho devagar quase parando, absolutamente ignorado. Pior ainda, maltratado pelos produtores que se recusavam a fazer o essencial. E aí chegaram os Clubes de Vinho. Que, pacientemente, pegaram as pessoas pelas mãos e foram explicando o tim tim – por tim tim da fabricação, do consumo, da história, da elegância, sensibilidade, paladares, cores, do vinho. Mais que isso, convenceram as pessoas a fazer assinaturas de vinho. Mais que comprar, assinar o recebimento mensal de uma cota básica de vinho. Duas, três ou quatro garrafas. O então inovador VAAS – Vinho As A Service… E junto com as garrafas, em embalagens primorosas, sempre um brinde, um folheto, uma revista, pegando os novos consumidores pela mão e alfabetizando todos na arte, ciência, ritual e prazeres do vinho. Da cidade de Itabuna, Bahia, Rogério Salume, 1973, adorava a prática da natação. Participava de competições em Vitória, Espírito Santo, para onde se mudou em 1989. Mais adiante fez jornalismo e MBA na FGV. Começou a vida profissional como vendedor – de bicicleta vendia balas e doces para bares e comércio da Grande Vitória. Um dia foi trabalhar com a empresa do maior dos mestres do Atacado do país, Alair Martins. Cuidava das vendas do Martins na cidade de Vitória. Antes de seu encontro com vinhos, e para permanecer próximo da família e de Vitória, sua primeira filha, abriu uma pequena empresa de distribuição de produtos. Não deu certo. Numa viagem a São Paulo reencontra Anselmo, um velho amigo, de tecnologia, e constroem um primeiro site para a empresa dos dois. Para vender vinhos. O negócio prospera, em 2004 converte-se na Estação do Vinho e recebe seu primeiro aporte. Em 2008, Rogério e Anselmo despendem-se da Estação do Vinho e criam o Wine. No primeiro ano vendem 250 mil garrafas para 14 mil clientes, e, então, nasce o Clube W, o Wine, que mudou para melhor e para sempre a história do vinho em nosso país. Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? No caso do vinho a resposta é única e unânime, quem mudou a história do vinho em nosso país foi o Clube Wine, e, depois, os demais clubes que pegaram carona na nova e poderosa onda. Corta para o início de 2023, e depois de quase 2 anos de pandemia completos. Dados das últimas pesquisas referentes ao ano de 2021 revelam. Enquanto a venda de cervejas caiu 11 pontos percentuais, a de vinho avançou mais de 50 pontos percentuais. É isso, amigos. Uma lição definitiva e magistral de como se muda o comportamento de pessoas, e se dá início a uma revolução. Com paciência, disciplina, gentilezas, carinho, respeito, pegando as pessoas pelas mãos, ensinando, acessibilidade total, e, gradativamente, o aparente milagre acontece. Quem quiser chamar de milagre que o faça, mas, de verdade, trabalho exaustivo, no correr de mais de uma década, e de excepcional qualidade. Quando isso acontece, dá certo. Deu. Rogério Salume, seus sócios, companheiros de Wine, mais que todos os produtores, muitos centenários, mudaram para sempre e para melhor a história do vinho em nosso país.
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 11, 12 e 13/06/2022

O MILAGRE DO VINHO NÃO ERA MILAGRE. ERA TRABALHO. Sim, às vezes, quase sempre, o supostamente impossível é possível. Desde que se acredite, corra atrás, e arregace as mangas. Ou, convertendo cerveja em vinho…