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Boticário e Natura, ou, a tartaruga, e o coelho

Boticário era a denominação dos farmacêuticos de antigamente. Denominação escolhida por seu fundador, Miguel Krigsner, para uma pequena farmácia de manipulação. Nasceu em 1977, 8 anos depois da Natura, e para dar vazão aos milhares de frascos que Miguel comprou de Silvio Santos… Uma pequena farmácia na região central de Curitiba para colocar em pé os sonhos de Miguel, marca 100% brasileira com produtos de ótima qualidade tendo como tema o amor e o cuidado com as pessoas. Natura nasce dos sonhos e competências de Antônio Luiz da Cunha Seabra, apaixonado pelas virtudes e potenciais da cosmetologia, numa pequena loja na Oscar Freire, na cidade de São Paulo. E assim caminharam e prosperaram durante 3 décadas, ainda que por caminhos diferentes. O Boticário, a tartaruga, construindo passo a passo e dia após dia sua estratégia de crescimento e multiplicação via lojas próprias e franchising. Natura, o coelho, acelerando pelo marketing monolevel, e disparando na frente. Traço comum das duas empresas brasileiras: produtos de excepcional qualidade. E assim passaram-se os anos. Ingressando no novo milênio o Boticário fortalece sua estratégia agregando mais marcas e produtos, respeitando a espinha dorsal de sua comercialização, e absolutamente inflexível em sua cultura. Enquanto a Natura ia às compras e ganhava manchetes em todo o mundo, e elogios açodados por parte dos críticos, envenenando-se num mix de 3 novas culturas parecidas, mas, diferentes – Aesop, The Body Shop e Avon. Hoje, Boticário, a tartaruga, é a grande referência, e Natura, o coelho, e como na fábula, luta bravamente para superar sua crise de arrogância, prepotência e vaidade. Até o ano de 2018 as duas empresas seguiam lado a lado, com o prevalecimento por pouca distância da Natura. Mesmo assim, e naquele ano, o Boticário já revelava uma gestão mais madura e consistente, trabalhando com melhores margens. 21,1% no Ebitda, contra 13,8% da Natura, e uma margem líquida de 11,6% contra apenas 4,1% da Natura. Mas, e ainda assim, por razões e motivos diferentes, a Natura brilhava mais no sentimento da crítica e plataformas especializadas. Hoje, e como tenho comentado com vocês, a Natura luta para superar sua crise de açodamento, vaidade e apetite desmesurado, e o Boticário segue concentrado no foco, no ritmo e em sua natureza. Semanas atrás, sem jamais tripudiar sobre seu concorrente em gênero, Natura, o Boticário, nas palavras de Artur Grynbaum comemorava e celebrava o mote principal de sua empresa, de anos para cá, “A ecoeficiência virou o nosso modelo de gestão”, em entrevista a Sônia Racy, no Estadão. “Começamos em 1977, com uma farmácia de manipulação. Sempre tivemos um olhar atento para o negócio, mas, e também, para a sociedade… Daí, nasce a Fundação O Boticário de Proteção a Natureza, e, mais adiante, 2010, a Fundação Grupo Boticário… Hoje temos o principal programa de logística reversa do país são mais de 4 mil pontos de coleta, nas nossas lojas para recuperar as embalagens vazias, que vão receber tratamento, a separação adequada, e gerando renda para os que trabalham na coleta…”. O Boticário e Natura, crenças semelhantes. Caminhos e escolhas, diferentes. Natura, marketing monolevel, O Boticário, franquia e lojas próprias. O Boticário consistência entre missão, propósitos e ação. Natura, inconsistência. E deu no que deu… Duas empresas brasileiras de excepcional qualidade, que durante décadas converteram-se em referência, e inspiraram dezenas de novos empreendedores no Brasil e no mesmo território de atuação. Miguel resistiu às tentações e preservou o Phocus e o Positioning de O Boticário. Seabra e seus sócios caíram em tentação e resolveram atalhar… O coelho e a tartaruga. Escolha o ditado, você, leitor: “Quem tudo quer tudo perde”, “Devagar se vai mais longe e chega antes”, “Jamais subestime seus concorrentes”, ou, e contrariando Al Ries e Jack Trout, que diziam, “mais vale ser o primeiro do que ser o melhor”, uma vez mais comprova-se que “é bom ser o primeiro, mas é melhor ser o melhor”. Sempre!
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Vendendo o que jamais será entregue

Na medida em que faltam terrenos, na medida em que supostamente as pessoas querem – claro, as que têm dinheiro – morar nos melhores lugares da cidade, ou, aquela região que vai da Santos, desce a Pamplona, pega a Estados Unidos, e sobe o chamado Jardins, Consolação, passa pelo último pente fino das incorporadoras, e em menos de cinco anos estará completamente desfigurada. É isso, e é isso. E assim, aquilo que é realidade hoje, o cenário maravilhoso onde corretores levam compradores desatentos e que gostam de ser enganados, mostrando as maravilhas de morar, finalmente, num lugar tanto encantador e descolado, não passa de um estelionato. Jamais entregarão os sonhos. No lugar do sonho, torres de concreto onde esses incautos e delirantes morarão… Depois de venderem o sonho irrealizável, levam pra tomar um café no acolhedor e legendário Cristallo… Corta para o Estadão, 9 de janeiro, caderno Metrópole, matéria quase crônica assinada por Ítalo Lo Re. “Despedida da Cristallo da Oscar Freire reune clientes…”. “Era por volta de 17 horas quando a aposentada Leni Colaferri, de 71 anos, se acomodou em uma mesa de calçada da confeitaria Cristallo, quase esquina da Rua Oscar Freire com a Bela Cintra… A unidade da Cristallo da Oscar Freire, aberta por ali há 46 anos, viveu seu dia de despedida do número 914, em tarde marcada por comoção entre funcionários e frequentadores assíduos… e conclui Ítalo, “A confeitaria, assim como outros estabelecimentos vizinhos, será demolida para a construção de um residencial de alto padrão…”. É isso, amigos. Corretores mais que necessitados – só ganham se venderem e precisam comer – vendem um paraíso onde passará a existir um inferno ainda que presumivelmente chique. Ou, no mínimo, um purgatório. Vendem o que jamais será entregue porque as encantadoras ilhas de alegria, prazer e felicidade, todas, serão despejadas e depois demolidas para a construção das tais torres… Pessoas que compraram, como descreve Alberto Dines em seu clássico Morte no Paraíso. A Tragédia de Stefan Zweig, terminar seus dias rodeado de prazeres, alegrias e felicidade, e descobrirá, tardiamente, que comprou gato por lebre, com todo respeito aos gatos que não têm nada a ver com essa história, com esse estelionato emocional…
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Blog do Madia MadiaMM

Diário de um Consultor de Empresas – 08/01/2021

Francisco Madia comenta sobre O DERRETIMENTO DOS ALUGUÉIS.  Além dos aluguéis de espaços corporativos, de salas e escritórios, que desde o início da pandemia já caíram em 30% e deverão encontrar alguma estabilidade depois de uma queda de 50% a 60% dando-se por satisfeitos os proprietários em não terem que pagar IPTU e CONDOMÍNIO, o mesmo vem acontecendo com as lojas de rua.