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Negócio

Cada um vê e enxerga o que quer, ou, nômades digitais

O Brasil, através de seus governantes, vê o advento dos nômades digitais como uma excepcional oportunidade para atrair para o país, milhares ou milhões de jovens que trabalham pelo mundo, de qualquer lugar do mundo, com mochila, celular, laptop e cérebro. A tal da mobilidade. No passado, na revolução industrial, todos sob um mesmo galpão trabalhando na linha de montagem e esmerando-se em tempos e movimentos. Mais adiante, e com a revolução dos serviços, pessoas trabalhando em escritórios, de forma mais confortável, melhores vestidas, e com algum tempo para confraternização. E aí veio a disrupção tecnológica, e o emprego como o conhecemos, tanto na indústria como nos serviços, começou a arrumar as malas para partir e nunca mais voltar. Corta para a virada do milênio. No país mais desenvolvido do mundo, Estados Unidos, e olhando pela janela, e advertindo o mundo pelo que vinha pela frente, Jeremy Rifkin, em um de seus livros emblemáticos, sentencia: “O Fim dos Empregos”, ano de 1995. E, dois anos depois, em artigo premonitório, que em seguida converte-se em livro, Daniel Pink anuncia o nascimento da Free Agent Nation, constituída pela quase totalidade dos novos profissionais, profissionais empreendedores que dão início a Sharing Economy – economia por compartilhamento, e onde o capital é o conhecimento Mobile, que carregam consigo para todos os lugares, devidamente guardados e protegidos em suas cabeças. Enquanto isso, chefes de família americanos contratavam contadores indianos, na Índia, aproveitando-se também da vantagem do fuso horário, do domínio do inglês pelos indianos, e por sua competência contábil, para prepararem suas declarações de rendas. Contadores indianos fazendo a declaração de renda dos americanos para posterior entrega ao fisco. E, simultaneamente, esses mesmos chefes de família americanos contratavam professores indianos para dar aulas particulares de matemática a seus filhos. Melhores professores, e pela metade do preço. Corta para 2022 e a presença dos nômades digitais – se bobearmos, toda uma nova geração, mais que disputados por países e cidades. Todos querem merecer suas preferências e que escolham essas cidades e países como base para os serviços que prestarão em todas as partes do mundo, e, a distância. E aí, países começam a criar condições especiais para conseguir suas preferências. E o Brasil, não fica atrás, e está certo. Essa é a nova realidade. O Conselho Nacional de Imigração do Ministério da Justiça acaba de criar uma regulação para um visto especial de permanência por um ano, prorrogável por mais um ano, sem a necessidade de vinculação de trabalho com empresas no país. Podem e devem trabalhar para empresas de fora. Quantas mais, mais valorizados serão… Faltou apenas enxergar o outro lado de toda essa linda e deliciosa história é que nômades digitais de todo o mundo e em todo o mundo estão acelerando o fim dos empregos que fatalmente aconteceria, em decorrência da nova forma de trabalhar e organizar das empresas. Mas não vejo uma única linha na imprensa, muito menos nas declarações de autoridades e políticos sobre o outro lado dos nômades digitais. A confirmação, a aceleração, a certeza, de que os empregos, tal como conhecemos um dia, chegaram ao fim, e todos os governos de todos os países, em maiores ou menores proporções não se prepararam para esse momento. Detalhe, hoje o Brasil já contabiliza um total de quase 10 mil nômades digitais brasileiros reversos. Que moram em outros países – Portugal, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, China, Coreia do Sul, França, e que prestam serviços para as empresas brasileiras, acelerando o fim dos empregos para os que aqui moram…
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