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Negócio

25 de setembro de 2008. O dia em que a Sadia mergulhou em crise irreversível

Nas colunas mais bem informadas do País, no final de janeiro de 2023… a informação de que a Marfrig se encontrava a um passo de assumir o controle da BRF – Sadia + Perdigão. E, pelo jeito, aconteceu… No fatídico ano de 2008, algumas empresas, ou por desespero, incompetência, ganância, imprudência, decidiram apostar alto. Apostaram no Real contra o Dólar. “Hedgiaram”, fizeram um hedge, como se diz, e se deram mal. Apostaram na ponta errada. Assim, no dia 25 de setembro de 2008, e reconhecendo a tragédia, a Sadia anunciou ter decidido liquidar operações no mercado financeiro, e realizar um prejuízo de R$ 760 milhões. Como acontece nessas situações, e para livrar a cara de todos que foram coniventes de uma decisão temerária ao realizar o hedge, culpou-se o gestor financeiro que, e assim, foi despedido com humilhação. Foi a tal da gota d’água. A empresa que já vinha padecendo de uma gestão débil, nunca mais conseguiu sair da crise com as próprias pernas, teve que se submeter a uma compra por sua principal concorrente, mas sempre segunda colocada, a Perdigão, dando origem a BRF, que nasceu da pior forma possível. Como curativo para duas empresas com problemas de gestão, e a partir de uma decisão irresponsável. Anunciada em 2009, a BRF, soma das duas empresas foi aprovada pelo CADE em 12 de junho de 2013. Nesse período algumas tentativas foram realizadas, muito especialmente por Abilio Diniz que chegou a comprar um bloco representativo de ações da BRF através de sua holding Península, conseguiu o comando executivo da empresa, mas, sem perspectivas de melhores resultados, preferiu assumir o erro da decisão e do investimento, e assim, vendeu sua posição de ações constituída entre 2012/2013, pagando por ação um valor médio de R$40, e vendendo para a Marfrig, poucos anos depois, por R$28,75, contabilizando um forte prejuízo. Abilio foi, durante 2013 e 2018, presidente do conselho da BRF. E em janeiro, com os 3,8% que comprou de Abilio, somada a posição que já detinha totalizando 31,66% do controle, mais o que comprou no meio do caminho, a Marfrig tornou-se sócia majoritária da BRF. Poucos anos antes do injustificável escorregão de um patético hedge, Sadia e Perdigão jamais imaginavam que entregariam seu controle a Marcos Molina dos Santos, um “sem-faculdade”, empreendedor intuitivo, que trabalha 21 horas por dia, casado com Marcia Santos. Em depoimento à Época Negócios, Marcia descreve seu sócio e marido Marcos Molina: “As coisas acontecem muito rapidamente na cabeça dele. Pensa sempre antes, e na frente. A Marfrig era focada quase que exclusivamente em carne bovina. E aí o Marcos decidiu comprar o Patagônia, frigorífico especializado em cordeiros, na Terra do Fogo, extremo sul do Chile. Orgulhoso, me convidou para conhecer o local. Chegamos lá num dia gelado, abaixo de zero. Marcos, eu disse, o que tem neste fim de mundo? E ouvi como resposta, 250 mil cordeiros por ano… cordeiros especiais, considerados orgânicos porque pastam. Tem mercado garantido”… Enquanto a Sadia especulava com moedas, um pequeno e ousado distribuidor de carnes comprava um frigorífico na Terra do Fogo. O resto é história, e aula magna do que se deve, e do que jamais se deve fazer. Conseguirá, Marcos Molina, resgatar a Sadia + Perdigão + BRF?