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A maior migração de toda a história da humanidade

Hoje, dois assuntos em um mesmo comentário. O mundo vive hoje o maior processo de migração da história da humanidade. Se as pessoas tinham medo e vacilavam, antes, hoje com o digital, internet, smartphones tudo passou a ser mais perto do que vizinho do lado. Claro, com a falta do corpo a corpo, abraço apertado, e doses substanciais e generosas de “humanity”. Isso posto, e da virada do milênio para cá, as pessoas passaram a reconsiderar o lugar que escolhem para viver, e que não mais, e necessariamente, é o que nasceram. Na virada do milênio o imaginário país dos nômades digitais não tinha um único habitante. Hoje, já se encontra entre os 100 maiores do mundo com 50 milhões e cresce 1000 habitantes todos os dias… E se faltava um empurranzão, ou zinho, a pandemia se encarregou. De certa forma, e até aqui este comentário refere-se a todos os países, que em maiores ou menores proporções se veem impactados pela imigração, migração e vice-versa. Alguns muito mais vices, do que versas. Dentre as cidades emblemáticas do mundo moderno, uma, em especial, paga o preço da mobilidade e da não necessidade de seus trabalhadores ─ todos em tecnologia ─ morarem na casa ao lado. Até 2020 a cidade de San Francisco brilhava e reluzia, e era o grande polo e foco de atração do mundo moderno. Era, de longe, a pior cidade para ser viver e morar, mas, com a mina de ouro das conquistas tecnológicas, da disrupção, e das novas empresas, pagava-se o preço. Com tudo isso perdeu sentido e razão de ser, a cidade onde todos deixavam seus corações ‒ I left my heart in San Francisco ─ vai se convertendo numa cidade fantasma. De 2020 para cá 250 mil pessoas ─ mais de 80 mil profissionais altamente qualificados e suas famílias desistiram de San Francisco. Simplesmente, insuportável, e, em função da debandada, gradativamente deprimente… Em três anos, a prefeitura local perdeu US$7 bilhões em arrecadação. E os mendigos, ex-profissionais das empresas, mudaram-se para a rua. Como dizia o maravilhoso filme de 1992, “Nada é Para Sempre”, protagonizado e dirigido por Robert Redford, no original A River Runs Through It,… Nada é para sempre. Da primeira novela às lutas de Box Nos anos 1960, a chamada turma da Rosa e Silva, da qual fazia parte o Madia, ia todos os domingos à noite assistir luta de box na falecida TV Excelsior. Também batiam ponto, todos os domingos, Tarcísio Meira e Glória Menezes. Viviam um momento de grande sucesso por integrarem o casting da primeira novela em nosso país. Obra de um conterrâneo do Madia, e que nasceu em Bauru em 4 de julho de 1926, ele, Edson Leite. Em viagem para a transmissão de jogos, descobriu na Argentina e no México o gênero novela, de grande sucesso, e comprou os direitos daquilo que se chamava de folhetim, e de autoria de Dulce Santucci. Assim, nascia no dia 22 de julho de 1963, primeiro capítulo de Ocupado, o gênero novela na televisão ‒ no rádio era um sucesso ‒ protagonizado por Glória e Tarcísio, e passando na Excelsior três vezes por semana – segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira. E nunca mais o Brasil foi o mesmo, e com a ida de Clark e Boni para a Globo nasce a Vênus Platinada, e que até hoje, mais de 60 anos depois, lidera o território. Essa primeira novela teve 42 capítulos… Anos depois, a Madia na tentativa de superar uma barreira cultural insuperável, e que era o Shopping Eldorado, conseguiu, com a amizade e sensibilidade do Boni, fazer do Eldorado um shopping mundialmente conhecido, conseguindo levar a novela Guerra dos Sexos para dentro do shopping. O Eldorado permaneceu no ar em dezenas de países, na novela, por mais de 20 anos… Hoje, ao completar 60 anos, já passando por adaptações para resistir ao streaming, a novela é parte integrante do Brasil, e ferramental monumental da melhoria dos padrões de estética e referência da cultura brasileira. E tudo isso tem uma assinatura e um autor, José Bonifácio de Oliveira, o Boni, um dos fundadores e membros da Abramark, Academia Brasileira de Marketing.
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Som Livre, quando o som chega ao fim…

Talvez nunca as pessoas tenham ouvido mais músicas do que nesses meses de pandemia. Mas, aquela que se converteu na maior lançadora de sucessos do país, durante quase cinco décadas, chega ao fim como um negócio milionário e próspero. Agora, e nunca mais, próspero, como foi até dias atrás. No início a Globo recorria às gravadoras tradicionais para compor a trilha sonora de suas novelas. Isso durou poucos anos. Descobriu que tinha uma mina de ouro nas mãos. Que eram as novelas que pautavam o gosto musical da maioria dos brasileiros, e que não fazia mais sentido continuar recorrendo ao casting e as demais gravadoras. E assim nasceu, um dia, no ano de 1969, a Som Livre. Na página 259 do livro dele, Boni, o homem que mudou a história do Brasil, que reeditou quem somos nós, brasileiros, está escrito, “No dia 1° de setembro de 1971, eu e minha família, o Tarcísio e a Glória, o Ibrahim Sued e o Luiz Borgerth ‒ autor do livro do Boni ‒ e alguns amigos, fomos participar da procissão marítima do Senhor dos Navegantes, em Salvador, e a convite do Alberto Maluf e do David Raw da TV Aratu”. Eram mais de mil barcos no mar e o dia estava lindo e ensolarado. Os barcos iam navegando e todos cantavam hinos religiosos, como o Queremos Deus. Quando perceberam que o Tarcísio Meira estava em uma das embarcações, as pessoas do barco ao lado começaram a entoar a música da abertura de Irmãos Coragem e a coisa foi passando de barco a barco. De repente, mais de três mil pessoas cantavam, no mar de Salvador, a uma só voz, “Irmão, é preciso coragem…”. Naquele momento, talvez nem mesmo o Boni tenha realizado a dimensão de sua obra. As novelas da Globo, além de pautarem as cores, as formas, o design, as roupas, o gosto dos brasileiros, passaram a orientar nossas preferências musicais. E assim, a Som Livre revelou-se uma mina de ouro monumental. 50 anos depois a realidade é completamente diferente e outra. O ouro música continua existindo e tão forte, importante e próspero como antes, só que agora as fontes e os caminhos são outros. Existe uma nova cadeia de valor… Em sua reinvenção o Grupo Globo concluiu que a Som Livre, ainda que dê resultados, não tem mais nada a ver com o novo caminho escolhido. E assim, e meses atrás, fechou um acordo para vender a Som Livre para Sony Music. Ao menos num primeiro momento a Sony não pretende incorporar a Som Livre. Vai manter como um centro autônomo de produção, seguindo sob o comando do CEO Marcelo Soares. No comunicado a imprensa, Jorge Nóbrega, CEO da Globo, diz, “Estamos muito felizes em ter encontrado na Sony uma nova casa para a Som Livre, um negócio que foi construído dentro da Globo e que sempre foi muito querido de todos nós. A Som Livre produziu e lançou músicas com a Globo por mais de meio século e foi um importante capítulo da história da Globo. Nós queríamos assegurar que esse acordo preservasse tudo o que a Som Livre representa para os brasileiros…”. Amigos, nada é para sempre. Irmãos, é preciso coragem; sempre!