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Melitta atropela Nestlé

Algumas das principais transformações no produto café dos últimos 100 anos tem a responsabilidade e levam a assinatura da Nestlé. Apenas para citar duas, a criação e lançamento do Nescafé, no século passado, e atendendo a um pedido do governo brasileiro que não sabia o que fazer com sua produção descomunal. E há 40 anos, a pesquisa, desenvolvimento, formatação e lançamento do Sistema Nespresso de café, para pessoas físicas e jurídicas também. Já a Melitta, Amalie Auguste Melitta Bentz, que nasceu na cidade de Dresden, Alemanha, filha de um editor e vendedor de livros, já dona de casa e preocupada com os desperdícios, sujeiras, e desafios de se fazer um café de qualidade, um dia teve sua epifania: fez pequenos furos no fundo de uma caneca de latão, criando uma espécie de peneira, e recorreu a um pedaço do papel borrão que seu filho Willy tinha em seu caderno escolar, acabando por inventar não apenas o primeiro filtro, mas como uma nova forma de se fazer café. Requereu patente a instituição específica da Alemanha, que reconheceu sua inovação e, no dia 20 de junho de 1908, recebeu a patente de sua descoberta. E assim nasceu o sistema Melitta de se fazer café. Hoje Melitta Group, que tem sua sede mundial na cidade de Minden na Alemanha, e com um faturamento próximo de € 2 bilhões. Hoje um grupo que atua com diferentes produtos nas diferentes etapas da cadeia de valor do café. Do pó, passando pelo filtro, pelas cápsulas, cafeterias, garrafas térmicas. E agora, como iniciamos nossos comentários, salta na frente da Nestlé, que inventou as cápsulas, mas não conseguiu cuidar do descarte das mesmas como deveria. A Melitta passa a trabalhar com cápsulas de material biodegradável e compostável. Produzidas a partir de matérias-primas de fontes renováveis, sem transgênicos, bisfenol A e alumínio, devidamente certificadas. Mas, e em nosso entendimento, está na solução que encontrou para o descarte, ou logística reversa, sua melhor iniciativa e contribuição. Contando com a colaboração e responsabilidade de seus clientes, desenvolveu um sistema em que a cada 50 cápsulas usadas, o cliente cadastra-se no site da Terracycle, e sempre que for devolver as cápsulas imprime uma etiqueta e despacha as cápsulas pelo correio, sem nenhum custo, além de ter consciência de estar dando sua contribuição inestimável para um mundo menos poluído. Aguarda-se brevemente uma forte resposta da Nestlé. E só existem vencedores, quando a concorrência é pela qualidade responsável.
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O mundo das cápsulas, ou, a tríplice coroa da Nestlé

O mundo das cápsulas começa no ano de 1970, quando a Nestlé constituiu uma primeira equipe de técnicos para correr atrás de uma hipótese. A hipótese de se criar uma máquina para uso das pessoas, famílias e empresas, também, e que conseguisse produzir um café igual, ou melhor, ao tirado pelos melhores baristas. Todo o trabalho consumiu mais de uma década. Um primeiro protótipo ficou pronto em 1976, a partir do qual a Nestlé requereu a devida patente. 10 anos depois, 1986, decidiu constituir a Nespresso, na cidade suíça de Vevey, em parceria com um fabricante local, a Turmix, começando com uma operação piloto de venda do sistema Nespresso – máquinas + cápsulas – na Suíça e na Itália. Antes da virada da década foi lançado nos Estados Unidos. Exatamente na semana em que o Francisco Madia e o Fabio Madia estavam em Nova York, e conheceram o lançamento no Bloomingdale’s, da 3ª com a Lexington. “Quando fomos nos aproximando do lugar de degustação, aquelas cápsulas metálicas em caixas de madeira mais lembravam bombons…”, contam os Madias. Desde então o business das cápsulas invadiu o mundo, e escalou numa velocidade espetacular. De certa forma, e para dezenas de produtos, começamos a viver o mundo das cápsulas! Mesmo improvável, especialistas garantem que em questão de anos daremos fim às garrafas de refrigerantes, sucos, demais bebidas. O fim do transtorno da logística e distribuição para os fabricantes. O fim de garrafas e latas pesando entre 300 e 700 gramas, substituídas por cápsulas que pesam menos de 10 gramas. E com as máquinas nas casas, “tirando” as diferentes bebidas na hora. Mas, e como não poderia deixar de ser, e na medida em que as patentes da Nespresso expiraram, e hoje existem milhares de empresas que envasam cafés, chás e outras bebidas em cápsulas, vivemos o desafio do descarte. Que, pressionadas, e finalmente, as empresas começam a encarar. Semanas atrás, a Nestlé publicou um encarte nos jornais comentando sobre como vem procedendo para atenuar o acúmulo de cápsulas pela natureza. Demorou, em nosso entendimento para a Nestlé tomar essa decisão e começar a movimentar-se, mas parece que desta vez, e devido a pressões de diferentes organismos, o desafio será encarado com maior responsabilidade. Semanas atrás fez parceria com o Pão de Açúcar para receber o descarte em algumas lojas na cidade de São Paulo. De qualquer maneira, e esse mérito jamais poderá ser tirado, a Nestlé mudou para melhor, para muito melhor, a alegria e prazer de tomarmos um café de ótima qualidade, assim como a cultura de compra e consumo de bebidas. Talvez, nem mesmo a Nestlé tenha se dado conta da importância de sua inovação. E tenha demorado tanto para avançar e ocupar mais posições no território das bebidas, e muito especialmente, dos cafés. Nestlé, a mesma empresa que salvou a cafeicultura do Brasil no ano de 1929, a pedido do governo brasileiro, que não sabia o que fazer com os excedentes de café, em decorrência da quebra da bolsa em Wall Street, e com seu novo método de preparo naquele momento histórico, o Nescafé. O café solúvel. São poucas, raras mesmo, as empresas que conseguem associar de maneira consistente e forte sua marca com três alternativas de alimentos. A Nestlé conseguiu essa proeza. Relacionamos, reconhecemos e testemunhamos a autoridade da Nestlé, nos territórios do leite, do café, e do chocolate. Com total merecimento. Uma empresa tríplice coroada!