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Pelotons, os novos cabides

No ano de 2012, John Foley, que durante anos foi o CEO da legendária, combalida e decadente rede de livrarias Barnes & Noble, sem maiores pretensões, criou sua startup, Peloton. Uma empresa de bicicletas estacionárias com finalidade específica, colocar em forma seus compradores e cuidar de suas saúdes. Desenhada especificamente para essa função, e com uma tela bem maior do que as que se costuma encontrar nas bicicletas estacionárias e para exercícios físicos no mesmo lugar. Assim, a vida seguia seu curso normal e sonolento para a Peloton. E aí veio a pandemia. E os americanos descobriram a Peloton. Por US$ 2,2 mil, na compra, e mais uma assinatura mensal de US$ 13, toda a sabedoria e conhecimento dos mais renomados instrutores de pedaladas, corridas, e spinning. Muito rapidamente ganhou o apelido da bicicleta Netflix, ou a Netflix das Bicicletas, ou ainda Netflix Fitness… Até agora, que se saiba, é impossível utilizar-se as telas da Peloton para qualquer gambiarra que dê acesso a filmes, canais de streaming, e outros derivativos mais que só distraem a atenção e inibem o desempenho físico esperado, e todos os benefícios decorrentes para a saúde. Ou seja, os adeptos da Peloton só têm um único e mesmo conteúdo nas telas, e para a função do que pretendiam com suas bicicletas. Cuidar da saúde e do corpo. Entrar em forma. Na prestação de contas do trimestre olho do furacão da pandemia, abr/jun2020, um faturamento de US$ 670 milhões. Quase 200% a mais que o mesmo trimestre de 2019. No Brasil, e com as academias fechadas, algumas das academias ofereceram a seus melhores alunos por uma bagatela – R$ 399/mês, o aluguel de suas bikes para spinning. A Bio Ritmo, por exemplo, alugou para seus melhores alunos as 500 bicicletas que possuía em diferentes unidades, e enquanto essas unidades não reabriam pra valer… É isso, amigos. A pergunta que não quer calar. O que vai acontecer com as milhares de Pelotons nos Estados Unidos depois da vacina e fim da pandemia. O mesmo que aconteceu com suas avós e mães, as bikes estacionárias que as antecederam. Virar cabide. Não existe previsão mais óbvia que essa. Se trabalho a distância é um tédio, solidão, tristeza, isolamento, anti-humano, o que dizer-se de ginástica, ou condicionamento físico a distância. No dia seguinte à volta, e quando todas as garantias de segurança forem resgatadas, as academias ficarão abarrotadas. Ao menos nas primeiras semanas e meses. E o cabide Peloton terá que se conformar com roupas dependuradas em seu guidão, selim, e demais compartimentos… Quem sabe chinelos nos pedais…