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Negócio

Saber parar

Uma das virtudes de todos e sempre – pessoas e empresas – é saber parar. Jamais ultrapassar o limite. Por apetite desmesurado e apostando que os ventos sempre soprariam a favor, o Grupo Casino saiu de forma açodada e inconsequente às compras nas últimas duas décadas. Totalmente diferente do procedimento adotado por seu vizinho Carrefour, também francês, que ajuizadamente deu um passo depois do outro. Comprava, consolidava, e só depois partia para uma nova aquisição. Hoje o Carrefour segue próspero e capitalizado, e o Casino cambaleante e endividado, mesmo tendo dentre suas propriedades algumas pedras preciosas, como, e, por exemplo, a rede Pão de Açúcar. Nos dois últimos anos o Casino vem sendo pressionado por investidores e gestores dos fundos que proceda a uma revisão radical em sua estratégia. Mas, e com a lentidão natural que vem revelando na última década – por exemplo, cansou de ter prejuízo com a Via Varejo e só mediante pressão insuportável desfez-se do que foi incapaz de gerir – as previsões para seu futuro próximo definitivamente não são boas. Hoje o Grupo Casino no Brasil, Pão de Açúcar, Assaí, Extra, é uma megacorporação do varejo, com mais de 10 mil lojas pelo mundo, e com um faturamento de € 34 bi no ano passado. Mas com uma dívida líquida em 2020 de € 4,6 bi, desproporcional a sua capacidade de geração de caixa. Isso posto, tudo é possível de acontecer nos próximos meses. Em meio à crise celebrou uma parceria com a Accenture e o Google Cloud para rastrear melhor sua clientela. O que causa perplexidade, considerando-se que desde 2019 vinha desenvolvendo uma parceria com o Itaú e RaiaDrogasil no desenvolvimento de um ambicioso programa de loyalty, o Stix. O Programa foi lançado, o Stix Fidelidade, pelo comunicado divulgado no momento do lançamento pertencendo 67% ao Pão de Açúcar e 33,7% a RaiaDrogasil, e, depois de um barulho inicial, não se ouve mais nada. Considerando-se que o Pão de Açúcar era detentor do melhor e mais cobiçado programa de fidelidade dentre todas as organizações de varejo do País, o Pão de Açúcar MAIS… Sintetizando, o Grupo Casino revela-se absolutamente perdido. Gerando insegurança na clientela de suas bandeiras e perplexidade em seus parceiros e fornecedores. Por enquanto, para ninguém, quem sabe nem mesmo para seu comando, existe uma ideia mínima do que o Casino pretende fazer. Ao anunciar a estranhíssima parceria com Accenture e Google Cloud, Jean-Charles Naouri, presidente do Casino naquele momento, disse, “Isso nos possibilitará melhorar duas prioridades: melhorar continuamente nosso atendimento ao cliente por meio de inovações tecnológicas e acelerar o crescimento e a criação de valor de nossas atividades tecnológicas em dados e software…”. Melhor seria não ter dito nada, do que derramado, como o fez, meia dúzia de platitudes.
Negócio

Bandidos sanguinários, que matam em massa, silenciosamente, na escuridão da dark web

É rara a semana em que não ocorra um cyberattack. Tendo no seu comando e operação profissionais altamente qualificados e do mal. Isso mesmo, bandidos. A primeira sensação e reação da sociedade é que se trata de ladrões oportunistas. Exagerando, “ladrões de galinha” de ontem, mais preparados e competentes, que dão golpes, machucam as finanças das empresas e das pessoas, e fica por isso mesmo. Não fica, são assassinos sanguinários e desprezíveis. Não dirigem sua sanha criminosa a uma ou outra pessoa, atacam e devastam centenas, milhares, de pessoas, de uma única vez. Não pescam com singelas varas de pescar. Pescam com redes monumentais… Meses atrás o banco de dados atacado por esses bandidos foi o do Grupo Fleury. Tiraram o Fleury do ar, roubaram dados de milhares de clientes, criptografaram a quase totalidade, e passaram a exigir criptomoedas para liberarem esses dados e informações. Enquanto isso acontecia, causaram a morte de algumas pessoas… Pela inacessibilidade aos dados… Não se tratavam dos dados da torcida de um clube que pura e simplesmente deixava de comprar ingressos por um determinado tempo. Eram dados sobre pessoas, sobre a saúde das pessoas, sobre milhões de exames médicos, e que, seguramente, provocaram, de forma direta ou indireta, muitas mortes. Assim, são assassinos. No desespero o Fleury teve que contratar de emergência as melhores empresas disponíveis no mercado como PwC, Accenture, Proteus, dentre outras, tentando superar a crise o mais rápido possível. Até quando a sociedade continuará tratando esses assassinos em massa e recorrentes em crimes civis, comuns, coloquiais? Mais que na hora de uma reação global, sob o comando e patrocínio da ONU, para darmos início a maior caça dos bandidos digitais e sanguinários que hoje nos tiram a tranquilidade e o prazer de utilizarmos os fantásticos recursos do Admirável Mundo Novo em processo de construção. De certa forma, pouco mais de 20 anos depois de que tudo começou, vivemos tempos semelhantes aos dos piratas que saqueavam os navios e dos bandidos que assaltavam as diligências. Bandidos que assumiam riscos para cometerem seus crimes. Hoje, os bandidos da deep web e do digital, trabalham de suas casas, confortavelmente, provocando o pânico e o desespero em milhões de pessoas… Mais que na hora de uma reação total e poderosa da sociedade. Mas que na hora de condenar a todos eles, e a no mínimo, prisão perpétua…
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 22/09/2021

SABER PARAR, sim, e na maioria das situações, uma virtude. CASINO não soube parar, e agora tem que decidir-se sobre quais de suas propriedades irá se desfazer. Talvez, o Pão de Açúcar. Enquanto isso comete um desatino atrás do outro.
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 26/08/2021

OS BANDIDOS DA “DEEP WEB” não “pescam” com varas. Usam redes monumentais. E devastam milhares ou milhões de pessoas a cada ataque. Na semana passada, foram responsáveis por algumas, ou muitas, mortes…