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Adeus, queridos Shopping Centers…

A ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers – acaba de divulgar uma nova e grande pesquisa com os frequentadores de shoppings. Em conjunto com a Fronte, Pesquisa e Análise de Mercado, o estudo cobriu 248 cidades, os 628 shoppings em operação no Brasil, e chegou à mesma conclusão que nós, consultores da Madia, começamos a anunciar desde a virada do milênio. Que os shoppings estão sendo cada vez mais menos Shoppings, e cada vez mais Living Centers. Lugares onde as pessoas vão para viver – passar, divertir-se, comer, e se sobrar algum tempo e já que estão por lá, fazem algumas comprinhas. Essa tendência já se caracterizava irreversível desde a virada do milênio, e com a pandemia, decolou de vez. A conclusão do estudo, segundo Glauco Humai, presidente da ABRASCE: “A pesquisa nos trouxe sinais importantes, que confirmam que o setor entendeu as mudanças de comportamento do consumidor… Os players já enxergam o shopping cada vez mais atrelado ao entretenimento e à oferta de uma experiência completa ao visitante, daí incrementarem seus equipamentos como novas opções de lazer e serviços…”. Conclusões: A – Um número significativo de shoppings tem um problema estrutural insuperável, acelerado pela pandemia. Eram shopping centers totalmente dependentes das muitas empresas na proximidade. Pequena parte dessas empresas fechou suas portas pela crise econômica decorrente da pandemia, e grande parte fechou suas portas também acelerada pela pandemia porque seus profissionais passaram a trabalhar de casa. Esses shoppings, padecendo de crise estrutural insuperável, estão condenados. Nada a fazer. B – Todos os demais precisam passar por um reposicionamento radical, e que implica obrigatoriamente numa redefinição de suas políticas referentes ao mix de serviços a serem prestados. Mais que reposicionarem, revolucionarem-se. Objetivamente, os shoppings com os quais convivemos e compramos e nos divertimos durante 50 anos perderam a razão de ser. C – Conviveremos daqui para frente mais e melhor com os shoppings que nos garantam diversão e lazer, primeiro, e depois, e eventualmente, compras. Assim, e repetindo o que os consultores da Madia vêm orientando nossos clientes há mais de 10 anos: saem os Shoppings, e entram, no lugar, os Living Centers. Hoje existem, segundo a ABRASCE, 628 shoppings em operação no país, com 115.817 lojas, R$ 191,8 bilhões de faturamento em 2022, um crescimento de 14,7% em relação a 2021, e saltando de 397 milhões de visitantes mensais de 2021 para 443 milhões de 2022. Ou seja, a frequência não caiu, mas sem as mudanças urgentes e inadiáveis no modelo, mais adiante, e cansados de procurar pelo que os atuais shoppings não oferecem, às pessoas, naturalmente, reduzirão suas idas… Até, caso não ocorram as mudanças, não voltarem nunca mais. Assim, e dos atuais 628 shoppings, entre 40 e 60 são irrecuperáveis. Serão abandonados, demolidos, e seus terrenos revocacionados. Dos restantes e sobreviventes, dependendo do tamanho, inicia-se agora todo um processo de reposicionamento e readequação, e que tomará todos os próximos 10 anos, no mínimo. Portanto, e como acontece com todas as demais espécies da natureza, e no ambiente dos negócios, também… Fim! Os shoppings, tal como os conhecemos, crescemos, convivemos, compramos, partem. Em seus lugares, os novíssimos Living Centers. Claro, para todos os que não estiverem condenados inexoravelmente ao desaparecimento, e que tenham a sensibilidade, inteligência e competência de se revolucionarem. Reinventar-se, reposicionar-se, repetimos, é insuficiente.
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Os primeiros 50 e devastadores dias

Na soma de todos os shopping centers do País, e apenas nos primeiros 50 dias desde que fecharam suas portas, a atividade perdeu R$ 25 bilhões de receitas. O equivalente a 13% do que faturou em 2019. E assim, e através de sua associação, a Abrasce – Associação Brasileira de Shopping Centers – cobrou, naquele momento, um plano de reabertura gradual dos shoppings, assim como uma linha de crédito de R$ 8 bi para socorrer os lojistas. Hoje, na maioria das cidades e um ano e pouco depois, segue uma abertura parcial limitada a poucas horas e pessoas. Assim, esse passou a ser o problema e o desafio de curtíssimo prazo dos Shopping Centers. Já os desafios estruturais, diante da pandemia, foram provisoriamente relegados a uma segunda posição. Mas terão que ser enfrentados. A relação das pessoas com os shoppings vem mudando radicalmente nos últimos anos. E cada vez mais essa instituição, caminha muito mais para uma praça coberta para lazer e entretenimento, socialização, do que para compras. Compras, também, mas, não mais, principalmente. As pessoas continuarão comprando porque estão lá, mas não estão lá para realizar compras. E sim para divertirem-se e confraternizarem-se. E como estarão lá, comprarão. Ou seja, e como temos comentados com vocês, saem os Shopping Centers, e, em seus lugares, ingressam os living centers. Assim, e superada a gravíssima crise conjuntural do coronavírus, poucas semanas ou meses para respirar e ganhar algum folego, para mergulhar na sequência no enfrentamento da crise estrutural. Um reposicionamento radical, depois de mais de 50 anos, de uma instituição ou aparelho essencial da vida moderna, os shopping centers. Muito brevemente, living centers. De certa forma, o mesmo desafio que enfrentam todas as demais empresas e negócios. Conseguindo sobreviver à coronacrise, retomar, ou iniciar, um reposicionamento radical, considerando um novo e admirável mundo, em processo de construção. Lembrando-nos sempre da advertência da intelectual Gertrude Stein, que, ao olhar em direção ao novo, disse, no final da 2ª Grande Guerra, “Não existe lá mais ali”, e assim, e por decorrência, como tem nos ensinado a vida e a sabedoria popular, “O que nos trouxe até aqui não nos levará mais a canto algum…”. Reinventar-se ou virar fantasma.
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