“Zoofa”, a doença da moda, ou, o julgamento precoce dos aplicativos de trabalho e reuniões

Um ano e pouco depois o Zoom e demais aplicativos de reuniões, conferências e trabalho a distância são acusados e encaminhados para o banco dos réus. Estão, além de transtornarem e deprimirem as pessoas, cegando algumas. O uso excessivo está convertendo uma plataforma abençoada num criminoso em potencial.

E assim, manifestações e registros em todo o mundo sobre a tal da nova doença, decorrente e filha do Covid, a “Zoofa” – Zoom Fatigue.

Já no mês de abril de 2021 a revista Veja trazia a primeira denúncia: “Para os estudiosos do comportamento humano, o esgotamento pode ser explicado com facilidade. Durante um diálogo, o cérebro não se concentra apenas nas palavras. Faz uma espécie de zoom e recolhe dezenas de informações adicionais a partir de diferentes sinais e códigos. Isso cria uma percepção holística e isso requer um esforço cognitivo desproporcional e ao que nossas vistas e cérebros não estão acostumados…”.

Em outubro foi a vez da Época Negócios tratar do assunto. “A pandemia do covid-19 nem bem terminou e já deu vida à outra pandemia, a Zoom Fatigue”… “Zoofa”.

E o tema tomou conta das mais importantes plataformas de comunicação do mundo: BBC, New York Times, Washington Post, The Guardian, e quase todas as demais.

E agora, e finalmente, Jeremy Bailenson, pesquisador da Universidade de Stanford chega a trágicas conclusões, e publica seus estudos em revista científica. Ou seja, deixou de ser especulação e virou realidade.

A “Zoofa” é a filha do Covid. E o artigo de Jeremy é definitivo. Diagnostica e tipifica a doença, a síndrome, e faz quatro recomendações essenciais para tentar atenuar o problema:

A – Minimizar a janela dos aplicativos e permanecer a razoável distância das telas.
B – Sempre deixar fechada ou oculta a janela de vídeo que mostra a nossa imagem.
C – Movimentar-se a cada dois ou três minutos, no mínimo.
D – Tentar, sempre que possível, realizar reuniões exclusivamente com o áudio, esquecendo as imagens.

E vai piorar. Em poucos anos os aplicativos de reuniões terão os recursos da realidade aumentada…

Muito rapidamente descobriremos que continua não existindo nada melhor, mais eficaz, mais verdadeiro, mais humano, que gente com gente, live, lado a lado, física e presencialmente.

Talvez o maior legado dessa terrível pandemia seja seres humanos redescobrindo o quanto gostam e são absolutamente dependentes de seres humanos.

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