É o que muitas pessoas se perguntam diante do contingente gigantesco de investidores medrosos ou previdentes, que preferem aplicar suas economias em bancos que não pagam absolutamente nada de juros… E até mesmo em outros, que além de não pagar, cobram para prestar os serviços.

Nada a ver com a pandemia. A pandemia só escalou a “involução” natural de taxas e juros. E isso só acontece em momentos de disrupção radical como estamos vivendo.

Assim, e no final do ano passado, segundo dados divulgados pelos organismos internacionais, o montante de dinheiro dormindo nos bancos, não recebendo nenhuma remuneração, e ainda pagando taxas de serviços, era da ordem de US$ 15 trilhões!

Existe essa possibilidade disso vir a acontecer no Brasil? Remota. Impossível não, mas existe uma chance de mais de 90% de que um dia, muito em breve, isso venha a acontecer, independente das especificidades da economia de nosso país.

Muitas pessoas, que temem perder o que economizaram, especialmente nos países da Europa, e não querendo arcar com os custos de Money Storage – da guarda do dinheiro nos bancos – o quanto cobram para guardar o dinheiro –, optam por correr riscos, comprando cofres, e neles guardando suas economias. Por essa razão, e nos últimos anos, nunca se vendeu tantos cofres em muitos países, muito especialmente no Japão e na Suíça, por exemplo, como acontece agora.

No final de 2019, e segundo os organismos internacionais, 9 países pagavam juros negativos por seus títulos de 10 anos.

Isso significa o que? Que no final de 10 anos, se a pessoa for retirar, terá menos do que colocou. Nos títulos dos governos da Alemanha e da Dinamarca, quem for comprar um título de 10 anos por 100, daqui a 10 anos vai receber um pouco menos de 95.

Além da Alemanha e Dinamarca, outros países como Holanda, Áustria, Finlândia, Suécia, França, Japão e Bélgica praticam juros negativos em seus títulos de 10 anos.

Tudo a ver com o atual momento da economia mundial, mas, dois fatores, tão ou mais importantes reforçam o comportamento dos juros tendendo a zero, e, em alguns países, abaixo de zero.

Primeiro, o impacto da tecnologia na redução drástica do preço de produtos pela escalabilidade. Hoje e cada vez mais, em mesmas situações de compras de um mesmíssimo produto, paga-se significativamente menos do que se pagava há 10 anos.

E o segundo é que os investidores mais tradicionais, conservadores, a maior parcela de recursos do mundo, recusam-se a especular com as chamadas empresas da Nova Economia.

Passam a quilômetros de distância de Softbanks, não confiam no Masayoshi, assim como em todas as demais instituições financeiras especializadas na especulação irracional.

É isso, amigos. No Brasil, repito, estamos distantes dessa possibilidade, porém, nunca os juros foram tão baixos em nosso país como são hoje. Repito, antes da pandemia.

E se a inflação subir um pouco é bem provável que muitos investimentos registrem renda negativa durante um determinado tempo. Tipo, aplicar 100, e receber, meses depois, 95! O que chamávamos de renda fixa, de repente teremos que rebatizar por uma espécie de “prejuízo certo”.

Portanto, e em diferentes partes do mundo e em muitas cadeias de valor, chegaremos ao que sempre nos disseram ser impossível. Em função da escalabilidade, filha preferida da tecnologia, é bem possível que com os mesmos 100 aplicados meses atrás, e que hoje valem 97, compremos uma quantidade muito maior de um determinado produto, porque a velocidade de queda em seu preço foi maior do que a velocidade da renda negativa que nos foi paga. Ou melhor, debitada, dependendo de nosso ângulo de visão e entendimento.

Complicado? É assim mesmo. Vá acostumando sua cabeça…

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