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Negócio

Octavio, o que tinha tudo para ser, mas acabou não sendo

No dia 28 de março de 2007, o G1 noticiava que no mês de junho, o ex-governador Orestes Quércia, maior produtor paulista de Café, abriria uma espécie de templo do café, a flagship de sua marca de cafés Octavio. No mês de junho passado, 2020, a família anunciou o fechamento do templo do café, a flagship Octavio na Faria Lima, no embalo dos fechamentos da pandemia. Assim passaram-se 13 anos. E a flagship não cumpriu sua missão como potencialmente poderia. Apenas uma pequena parte. Fizeram o principal, construíram um monumento, impactaram o território, mas negligenciaram e esqueceram-se da repercussão. Não é suficiente soltar um grande rojão. É preciso sustentá-lo e repercuti-lo, permanentemente, com bombinhas, traques, e outros recorrentes estouros disseminadores e construtores de marca. Até hoje milhares de questões são colocadas sobre a fortuna que o ex-governador conquistou no correr de sua carreira política. Mas, sem dúvida, a família Quércia trazia em suas veias, e além do sangue, o líquido escuro, denso e forte do café. Às vésperas da inauguração Orestes Quércia declarava, “A minha família sempre cultivou o café. Meu bisavô, arquiteto formado na Itália, veio para o Brasil e tinha uma pequena área, onde tudo começou. Meses antes da abertura de seu templo, na Faria Lima, Quércia que tinha ambições globais para seu café, comprou a torrefadora Dallis Coffee, sediada em Nova York, após uma longa negociação de um ano. Tradicional empresa americana, quase centenária, e especializada em cafés especiais, ou Premium, à semelhança dos produzidos pela família Quércia. Quércia em verdade decidiu mergulhar de cabeça no café aos 68 anos de idade, quatro anos depois de ter assumido o comando da fazenda, com a morte do pai, Octavio! Octavio Quércia. Aguarda-se qual será a estratégia do Octavio daqui para frente, na medida em que sua nau flagship da Faria Lima “afundou”. Outras lojas foram fechadas, as dos Shoppings Eldorado e Cidade Jardim. Permanecendo apenas as duas lojas do Aeroporto de Viracopos. Octavio tinha tudo para ser a Starbucks do Brasil. Não deu certo, faltou fazer a segunda parte da estratégia. No lugar do Octavio, magnífico terreno na Faria Lima, deverá nascer um moderno edifício corporativo. O projeto arquitetônico da loja do Octavio na Faria Lima foi da autoria e responsabilidade do escritório de design Seragini, Farné, Guardado. Falando ao Estadão, Alfredo Farné, 67 anos, manifestou-se: “Me dói muito”. É uma criação que vai desaparecer. Uma pena… Quando o Quércia nos contratou queria levantar o prédio com um café embaixo… E, ponderei, diz Farné, “um templo jamais pode ficar embaixo de um prédio…”.