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Automóveis é como se tudo fosse começar de novo

Depois de mais de 100 anos a indústria e o negócio de automóveis reinventam-se. Quase 100%. Radicalmente. Do lado dos clientes, uma nova visão e entendimento do que é e para que serve o automóvel. Do lado dos fabricantes, e respeitando essa nova leitura e entendimento dos clientes, uma reinvenção do negócio. Em todos os sentidos e direções, e ainda acrescidas das manifestações da sociedade em busca de um mundo mais limpo e saudável. Assim, e gradativamente, vamos deixando de comprar, e passando a assinar um carro por dias, semanas, meses, ano; assim muitos de nós diante das novas alternativas tipo Uber desistiram de vez de ter carros. Assim, outros têm carro mais só para finais de semana e viagens. Em alguns bairros das grandes cidades, as garagens que sempre faltaram, sobram! E assim, os chamados carros autônomos, mesmo seguindo nas pranchetas e experiências e testes, a caminho e no aguardo da universalização do 5G. Assim, o etanol, muito lentamente, vai e seguirá perdendo terreno para os movidos a energia elétrica. E enquanto isso não acontece, nos 10 a 20 anos da transição, toda uma nova geração intermediária dos chamados carros híbridos: gasolina e ou etanol e mais eletricidade… Pablo Di Si, todo poderoso da Volks, no Brasil, e em entrevista à Daniele Madureira e Eduardo Sodré da Folha vai iluminando e esclarecendo as próximas manifestações: ‒ Maior mudança ‒ “A maior dentre todas as mudanças aconteceu com o consumidor. Tornou-se muito mais digital. Cada vez mais irá menos a uma concessionária, e cada vez mais efetivará sua compra pelo computador. Hoje, nós, a Volks, temos uma única loja no digital, a VW e-store conectada e em parceria com toda a rede de concessionárias. Toda a compra é feita pela loja online. Mais ainda, lançamos a DDX – Digital Dealer Experience – o cliente permanece em sua casa e recebe a visita de um vendedor com tablete e óculos 3D. ‘Visita’ todos os modelos, escolhe e fecha a compra…”. ‒ Mais mudanças ‒ Carro por assinatura. Diz ele, “demoramos mais finalmente conseguimos chegar a um modelo onde a conta fecha para todos: montadora, concessionária, clientes. E o cliente resolve tudo online, carro, modelo, cor, tempo de contrato, cadastro, envio de documentos, recebe o contrato por e-mail, faz e usa a assinatura digital. E escolhe onde quer retirar o carro… Em princípio, e depois de alguns anos, a assinatura digital deverá responder entre 20% a 30% do comércio de carros…”. ‒ Encarecimento dos carros ‒ “Os carros, em decorrência da prática e da legislação, vêm se tornando cada vez mais seguros, com mais tecnologia, e isso tem um custo. Por outro lado, uma queda substancial no volume de vendas, o que obriga a um realinhamento dos custos. Por outro lado, a hierarquia dos fatores que determinam a escolha pelos consumidores brasileiros mudou, e isso impactou no preço. Hoje, e pela ordem, os brasileiros valorizam em primeiro lugar na escolha do carro o design, depois a conectividade, e, em terceiro lugar, a segurança. Antes o preço estava na primeira colocação…”. ‒ Carro elétrico ‒ Antes do elétrico, o elétrico híbrido, que também roda com etanol. Não existe outra alternativa para um país continental como o Brasil. As pessoas definitivamente não vão investir num carro elétrico, que, por falta de estrutura, só roda e é confiável nas grandes cidades… É isso, amigos. Assim, segue a reinvenção do business dos automóveis e que passa por jovens tirando carta mais velhos, pessoas não querendo mais comprar, e sim, assinar; montadoras fazendo a travessia do combustível fóssil para o elétrico, longa e demorada travessia; montadoras passando a criar mecanismos para apoiar suas concessionárias nas vendas pelo digital; E todos, correndo atrás, para a longa jornada na “eletrificação” dos até então e prosaicos, postos de gasolina… Mudou tudo, ponto, e não se fala mais nisso. A menos que seja pra jogar conversa fora, ou para a hora da saudade, se é que alguém em pouco tempo ainda terá saudade dos tempos das kombis e fusquinhas.
Negócio

Angu de caroço, ou, dupla transição

A expressão angu de caroço tem dois entendimentos. O primeiro original, e que era um pedaço de carne que no tempo da escravidão costumava-se esconder para consumo posterior, ou reservar-se para uma pessoa querida e ausente. Daí decorreu um segundo sentido que, e como era difícil de se encontrar, acabou virando sinônimo de desafio, dificuldade, e até mesmo rolo e confusão. Hoje a indústria automobilística mundial vive um duplo angu de caroço. Horizontal e vertical. No vertical, a troca quase que compulsória mediante a quase totalidade de manifestação das pessoas contra os combustíveis poluentes, e em defesa do carro elétrico. Neste momento, todas as montadoras, em todo o mundo, cuidam da migração para a chamada energia limpa. E no Horizontal, a migração de uma sociedade de propriedades, para uma sociedade de usos, chegando o CAAS – o “carro” as a service. Quase ninguém mais comprando, fazendo assinatura e pagando por um dia, uma semana, um mês, um ano. E nesse angu de caroço as montadoras se reposicionam. A primeira consequência dessas duas mudanças radicais é um repensar e o realocar de suas fábricas pelo mundo. E com isso, e nos últimos dois anos, quase 10 fábricas ou fecharam ou mudaram-se do Brasil. Especificamente no caso da montadora que praticamente iniciou a chamada indústria automobilística em nosso país, a Volkswagen, encontramos ótimas referências das decisões que decorrem, obrigatoriamente, desse duplo angu de caroço. Falando ao Estadão, e ao jornalista Eduardo Laguna, Pablo Di Si, que comanda a Volks na América Latina, explicou como a empresa vai processando essas duas mudanças: “Nos próximos dois anos o Brasil vai passar por muitas mudanças de legislação, envolvendo uma série de normas prevendo mais segurança e menos emissões. Assim, alguns modelos que hoje existem deixarão de ser fabricados e no máximo em dois anos teremos uma nova safra de produtos da Volks. Muitos investimentos em desenvolvimento e muito pouco em instalações uma vez que possuímos quatro fábricas em ótimas condições…”. Carros Elétricos – “Nos próximos cinco anos teremos seis novos veículos, entre carros elétricos, e carros híbridos. Mais adiante, teremos a eletrificação por completo. Em quanto tempo isso vai acontecer quem determinará é a mudança de comportamento dos consumidores. Já em todo o mundo teremos mais de 140 veículos entre híbridos e elétricos. É isso, amigos. Todas as montadoras correndo para desatar esses dois nós, ou duplo angu de caroço horizontal e vertical. Da velha, boa e poluidora gasolina para os elétricos. Da compra e propriedade para a posse e uso mediante assinatura. Duas crises específicas do setor, além claro, da maior de todas, a estrutural, da migração do velho para um novo mundo, e que afeta todos os negócios e todas as empresas de todos os portes e setores de atividade…
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 15/07/2022

CARRO ELÉTRICO. Um dos principais temas desta e da próxima década. As luzes de Pablo Di Si (Volks).
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