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Negócio

De mudança para as nuvens

Quem mora nas nuvens é um “nuvático”? Acho que é. Se quem anda pelo mundo da lua é lunático, os habitantes de Marte, Marcianos, desde o dia 02 de janeiro de 2023 viramos, nós sete sobreviventes da Madia, “nuváticos”. Quem sabe “nuvianos”. Não importa. Decidimos nos mudar para as nuvens. Sete sócios e associados. E infinitos, sempre e quando os desafios demandarem. Nossa empresa nasceu no dia 01 de setembro de 1980. Começamos pequenos, três pessoas, na rua Maranhão, em frente a padroeira dos profissionais de Marketing, Santa Terezinha. E seguimos crescendo em resultados e gente. De três saltamos para oito na rua Capote Valente, 12 na av. Angélica, 28 na rua Marques de Itú, quase 60 na rua Bela Cintra. Não havia outra forma de suportar o crescimento que não fosse com mais mesas, cadeiras, divisórias, máquinas, fax, pessoas e muito mais. Com a chegada da tecnologia foi possível reduzir a equipe pela metade e voltamos para 30 na rua Padre João Manoel, 20 na av. Angélica, 12, na Aracaju, e agora, 2023, sete. Acabamos de nos mudar para as nuvens. Terceira nuvem à direita de quem olha em direção ao pôr do sol. Mais cedo ou mais tarde você e sua empresa farão o mesmo. Mergulhamos de cabeça, coração e alma na SEKS – Sharing Economy e Knowledge Society. Onde o capital é o conhecimento, que carregamos em menos de dois quilos em nossos cérebros, e trabalhamos daqui para frente, como a maioria das empresas e negócios, no formato sharing. Por compartilhamento e com infinitos profissionais empreendedores e independentes tecendo parcerias. 10,100,1.000, 1 milhão se necessários. Somos em sete. Mas para cada projeto novo temos centenas ou milhares de parceiros. Aqui ou em qualquer canto do mundo. Enfim, deixamos a terra e migramos para mais próximo do céu. Repito o novo endereço, terceira nuvem à direita de quem olha em direção ao pôr do sol. O e-mail continua o mesmo. Não foi fácil decidir. Mas veio a pandemia e… As ferramentas disponíveis como, por exemplo, um Teams da Microsoft é ótimo para a galera de tecnologia. Mas para os demais humanos um tédio. Falta alma, humanidade, emoção, criatividade, ludicidade, paixão. Por enquanto, é o que temos enquanto as novas e radicalmente lindas e irresistíveis plataformas estão sendo desenhadas e construídas em diferentes lugares do mundo. Plataformas para seres humanos que passarão a trabalhar a distância e exigem sentir a mesma ou maior sensação de calor, alegria, empolgação, companheirismo, amor. Amor a distância é possível? Sim. O presencial, o toque, o abraço são inegociáveis, mas há duas décadas, todos os dias, muitas vezes ao dia, trocamos cargas substanciais e generosas de amor com as pessoas que amamos. Através e na digisfera. Um dia cruzo com Gertrude Stein, saindo do Algonquin NYC, 50W 44th St. estava com câncer. Veio a morrer dois anos depois. Olha pra mim e diz, Madia, acabo de chegar de Paris, na segunda jantei com Picasso, Matisse, Hemingway, Fitzgerald e Joyce. O tema era tentar enxergar o futuro. A mim coube a última palavra. Disse, “Não existe lá mais ali”. Meses antes me encontrara com o adorado mestre, Peter Ferdinand Drucker. Desabafou, “diga aos meus amigos do Brasil que antes de colocar todos os novos e revolucionários gadgets nas velhas molduras que as pessoas carregam em suas cabeças, jogar a moldura velha fora…! Dê um abraço forte no Salibi…”. Saindo de um Casino em Las Vegas, onde palestrou numa convenção, Al Ries desabafa, “Querido amigo, o que nos trouxe até aqui não nos levará mais a canto algum”. E, enquanto preparava a mala para o regresso Milton Berle me liga e faz sua derradeira recomendação. “Se a oportunidade não bater, construa uma porta”. Ao chegar no Brasil a notícia da morte de duas queridas e iluminadas personalidades. Zygmunt Bauman que, poucos dias antes de morrer, declarou em entrevista, “Vivemos o fim do futuro”. E como as pessoas fizeram beicinho e cara de tristes foram consoladas por Chico Xavier, “Já que não podemos voltar atrás e construir um novo começo podemos caprichar na saída e fazer um novo e digno final”. É isso, amigos. Acabou o velho e começa o novo. Mudar-se para a “Metasfera” é uma inevitabilidade. Tomamos a decisão e mudamos no último dia de 2022. Deixamos a Terra e nos reunimos e trabalhamos em plataformas, e quando necessário, escolhemos queridos e deliciosos lugares no mundo real e descemos para reuniões e reencontros físicos e presenciais. Estamos aprendendo a tomar café a distância. Mas, sempre que possível, repito, carregados de emoção e amor, damos uma descidinha e abraçamos os amigos. Todos. Como é bom… E você, está esperando o que?
Negócio

Lupo, a máscara da pandemia

Claro, muitas outras empresas também fabricaram suas máscaras, em verdade, milhares de empresas de todos os portes e especializações saíram, no desespero, e tentando dar uma contribuição ao país, fazendo máscaras. Mas quando a Lupo, uma empresa centenária, premida pelas circunstâncias, teve que socorrer seus funcionários e parentes, e improvisar as primeiras máscaras, e colocar sua marca, nascia ali aquela que acabaria por se converter numa das máscaras da pandemia. Sob o comando de Liliana Aufiero há duas décadas, a Lupo completou 101 anos, em plena pandemia, fundada que foi no ano de 1921, por seu avô Henrique Lupo. De certa forma, sem nenhum planejamento, e muito menos desejar, a Lupo protagonizou uma espécie de epifania logo no início da pandemia. Toca o telefone de Liliana e é da Santa Casa da cidade de Araraquara, a base da Lupo. Precisava de máscaras para os atendentes, não tinha onde comprar, e o preço foi às alturas. Liliana respondeu, “A Lupo não faz máscaras, mas, por favor, manda uma pra eu ver…”. Hoje a Lupo produz 250 mil máscaras por dia, e no canto baixo à direita de quem usa, as pessoas percebem a logomarca da empresa. A Lupo, por linhas tortas e indesejadas, acabou por se converter numa das máscaras da pandemia. No meu círculo de relacionamento, sete em cada 10 pessoas usam a máscara da Lupo. Em entrevista à Folha, a jornalista Joana Cunha, Liliana conta sobre essa espécie de epifania que sua empresa vem vivendo… “Quando recebi a máscara que a Santa Casa enviou, percebi que o tecido era o TNT e eu não tinha no estoque porque não faz parte de nossos produtos. Conseguimos numa loja um pouco daquele tecido. Nosso time é criativo, fomos dobrando, moldando, criamos a máquina, desmancha uma máquina, junta com um pedaço de outra… Seguimos pesquisando… Vimos que tinha um elástico com tripla camada aprovado pela Anvisa, fabricamos elástico, e a produção disparou… Nada foi planejado…”. E concluiu, “Aconteceu. Estamos produzindo 250 mil máscaras/dia e tem fila de espera até o mês de junho… Mas tudo o que eu mais desejo é que acabasse a pandemia e a Lupo não precisasse mais produzir máscaras…”. É isso, amigos. Vez por outra a oportunidade bate à nossa porta. Milton Berle recomendou a todos aqueles que, se a oportunidade não bateu na porta o seguinte: “Se a oportunidade não bater, construa uma porta”. No caso da Lupo a oportunidade mais que bater, invadiu a Lupo diante do grito de socorro da Santa Casa, de milhares de instituições de saúde, e de milhões de brasileiros. A Lupo nem teve tempo de pensar. E mesmo referindo-se às suas competências, a empresa centenária não parou um único segundo para saber se deveria ou não. Liliana Aufiero, em meio às comemorações dos 100 anos da empresa fundada por seu avô, não pensou um único segundo. Fez o que recomendou nosso adorado mestre e mentor Peter Drucker. “Se o navio começa a afundar o comandante não convoca uma reunião, decide”. Em situações de emergência como a que vivemos, as verdadeiras lideranças, mais que em qualquer outro momento, precisam protagonizar. Essa é a tragédia da pandemia em nosso país. As lamentáveis lideranças políticas que temos passaram a brigar entre si, a disputar espaço, e com todos os olhos voltados para as próximas eleições. Esqueceram-se de quem os elegeu. Todos, com raríssimas exceções, prefeitos, governadores e presidente, mais deputados, senadores e ainda a lamentável Justiça Brasileira, cometeram o grave crime da omissão. Mas é exatamente aí que prevalece o Barão de Itararé, “de onde menos se espera é que não sai nada, nunca…”.