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Ressaca, talvez, a melhor definição. E reindustrialização do Brasil…

A indústria automobilística, sobre todos os aspectos, e desde o Fordinho Preto, e quase 8 décadas de domínio da GM até a chegada das montadoras japonesas e, depois, das coreanas, mais recentemente chinesas, parece ter chegado ao fim de um grande e quase interminável ciclo. Acabou. Revisão da energia propulsora, revisão dos modelos, revisão da estrutura de distribuição, fim das vendas e prevalecimento das assinaturas, e duas dúzias a mais de novidades e mudanças. E se a competitividade de nosso país nesse território, assim como em quase todos os demais já andava devagar quase parando, agora então a situação é desesperadora. Tão desesperadora que depois de mais de 100 anos a Ford desistiu do Brasil como país produtor e assim prosseguirá enquanto as condições de trabalhar-se por aqui não passarem por todas as mais que necessárias e inadiáveis correções. Uma espécie de reinvenção das condições estruturais da economia do país. Batemos no fundo do poço e fomos mais adiante ainda. Em entrevista à Revista Dinheiro, Marcio de Lima Leite, executivo do grupo Stellantis e presidente da Anfavea aponta os dois dedos na mesma direção: “precisamos reindustrializar o Brasil…”. E completa, “O Custo Brasil precisa de uma redução radical. Convivemos com um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que retira, por baixo, R$1,5 trilhão por ano das empresas, encarece o preço dos produtos nacionais, prejudica a competitividade, e compromete e inibe os investimentos no país.” É isso, amigos. Ou reinventamos e começamos a construir agora um novo e moderno país ou estamos condenados inexoravelmente a engrossar a rabeira da fila e junto dos demais países atrasados.
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Diário de um Consultor de Empresas – 24/10/2024

Carro Popular, a repetição da tolice…
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Concorrência genérica e concorrência específica

Grosso modo, e sem maiores refinamentos, no marketing e na vida nos defrontamos com dois tipos de concorrência. A genérica e a específica. Na genérica, todos concorrem com todos. O dinheiro da viagem, é o mesmo dinheiro que poderia dar entrada numa casa, num carro, mobiliar o quarto do casal, comprar caixas de uísque e vinhos. Já a específica, é quando concorrem dois produtos que prestam o mesmo serviço. Comprar um carro da GM ou da FORD, ou da BYD, ir nas férias para a Bahia ou Caxias, comprar um sapato novo, ou, um tênis. E foi assim, entendendo que grosso modo tudo concorre com tudo, e que o dinheiro das apostas de hoje, e que não para de crescer, é o mesmo dinheiro que respondia por parte do sucesso de milhares de negócios e empresas. E assim, despertando de um suposto pesadelo, mas que é real, todos agora começam a se dar conta do preço que já estão pagando pelas marcas de Bets nas camisas dos clubes de futebol, no patrocínio de campeonatos, na chuva torrencial de propaganda nas diferentes plataformas. Até mesmo os bancos que finalmente se dão conta que os investimentos estão sendo devorados pelas Bets. E daí? Daí que o cofre já foi arrombado e as perdas, mais que significativas, consumadas. E o pior ainda está por vir, na medida em que a partir deste ano, com a regulamentação, é que o fluxo de investimento em publicidade deve ser multiplicado por muitas vezes. Por enquanto, cálculos otimistas, dizem que apenas 1% do PIB foi desviado das compras e dos investimentos para as Bets. Mas muitos calculam que em pouco tempo esse 1% será multiplicado, no mínimo, por 3. É isso, amigos. Concorrência genérica e específica. Muitas vezes aquilo que te dá prazer, diversão, alegria, e até algum ou muito prejuízo como os jogos, pode estar acabando com o seu negócio e contando com sua adesão e cumplicidade. Assim, nunca mais se esqueça. Tudo concorre com tudo. Em tempo: água, luz e gás concorrem com as Bets, ou, vice-versa. Segundo pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, 11% das pessoas deixaram de pagar essas contas para jogar nas bets… Presidente da Febraban propõe a proibição do uso dos cartões de crédito para pagar as Bets… Caiu a ficha! E estamos apenas no começo…
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The long and winding road das montadoras

Uma das mais celebradas canções dos Beatles, The Long And Winding Road, diz, “The long and winding road that leads to your door / Will never disappear / I´ve seen that road before…”. Se no território dos amores e das paixões essa é uma possibilidade, nos negócios, nada a ver. Quando o cenário é outro, a realidade nova, inusitada e radicalmente diferente, todas as estradas e caminhos desaparecem. Mesmo porque, e se permanecessem, não levariam mais a canto algum. Isso é o que acontece hoje com todos os setores de atividades e todas as empresas, mais que precisando de uma ação radical, imediata e definita, já. Revolucionarem-se, reinventarem-se. Mudou o cenário, mudou a realidade, como nos lembra Al Ries, “O que nos trouxe até aqui não nos levará mais a canto algum”. A indústria automobilística que anda por aí, que mudou a história das pessoas, cidades, países, mundo, está mais que ferida de morte. Precisa morrer, e renascer. Não é suficiente renovar-se ou reinventar-se. Precisa colocar um ponto final no que a trouxe até aqui e não a levará mais a canto algum, e começar do zero. Descontaminar-se, blindar-se da cultura antiga, esquecer as glórias e conquistas do passado, e olhar exclusivamente para frente, para não virar estátua de sal como a mulher de Ló. E assim, e cada vez mais nos depararemos com notícias como as desta semana. A General Motors, onde um dia, 1943/1944 nasce o verdadeiro marketing, LAB do gênio Alfred Sloan Jr. e sensibilidade e ourivesaria de Peter Ferdinand Drucker, aquela que durante 70 anos foi líder mundial do mercado de automóveis, propõe mais um programa de demissões voluntárias para seus empregados no Brasil. Programa mais que rejeitado porque esses empregados sabem que o emprego acabou, e precisam, também se reinventarem, serem preparados, para retornarem a campo não mais com a camiseta de EMP – Empregado, e sim com a novíssima camiseta de PEM – Profissional Empreendedor, e de se oferecerem para a celebração de parcerias muitas e simultâneas, com empresas e outros profissionais empreendedores. Um dia a velha indústria automobilística no auge da prosperidade e delírio acreditou que em 2020 bateria nos 7 milhões de automóveis fabricados e vendidos no Brasil. No tal do clímax sonhado e delirado, dezembro de 2020, somados e computados todos os dados, nem mesmo nos 2 milhões de automóveis chegou. Menos de 1/3 das previsões… Repito, novamente. As empresas, setores de atividades completos, continuam tratando a crise monumental que estamos vivendo e tentando superar e atravessar como se fosse conjuntural, tipo, resfriado forte. Não, não é, é estrutural, uma fenda infinita abriu-se diante de nós, e o mundo em que nascemos e prosperamos até ontem chegou ao fim. Al Ries e Jack Trout, recomendavam, “Repositioning Or Die”. Não é suficiente. É Revolutioning Or Die. Isso mesmo, começar de novo, do zero, em todos os sentidos. Nos próximos dois anos todas as montadoras, além da GM, com poucas ou nenhuma exceção, farão rigorosamente o mesmo que a GM faz agora. Tentar empurrar goela abaixo de seus funcionários um Plano de Demissão Voluntária. Que, claro, não será aceito, porque todos não tem a menor ideia do que farão depois. Num mundo onde deixam de existir empregos e todos terão que se converterem em empreendedores individuais, e aprenderem a trabalhar no formato Sharing, mediante a celebração de PARCERIAS com outros profissionais e empresas. Como diz Neymar, todos, “parças…”. Lembram das historinhas que ouvíamos de nossos pais e avós, e poucos repetiam para seus filhos, e onde no final ouvíamos: “Acabou-se a história e morreu a vitória…”. É por aí…
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Car: The dream is over

O sonho, se ainda não acabou por completo, reduziu-se e em muito. Durante décadas o sonho do brasileiro era ter seu fusquinha, seu Fiat, sua Kombi. E ainda, Romiseta, Gordini, Chevette, DKW, Monza… E assim, meses antes de completar 18 anos já tomava todas as providências para tirar a carteira de motorista. Com 18 anos, alguns segundos, minutos, dias. Há 10 anos a constatação nos Departamentos de trânsitos das capitais de Estado que os 18 foram virando 19,20,21,22,23,24 e hoje aproximam-se dos 27 anos. Na média, não mais de tirar carta aos 18 e sim, e quase, ou, a partir, dos 27… No início da década passada, e feito todos os planos, baseados na retrospectiva dos últimos anos e décadas, é que o Brasil alcançaria em 2019/2020, a produção e venda de sete milhões de unidades. Essa previsão foi realizada precisamente no mês de dezembro de 2013, mas, a cada dezembro seguinte foi revista para baixo, e chegamos ao final de 2020 produzindo, segundo a ANFAVEA – Associação Nacional de Fabricante de Veículos – 2.014 milhões de veículos – automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – ou seja, menos de 1/3 do que estimado em 2011… E desde o início desta década, antes e depois da pandemia, novos hábitos vão se consolidando, o que joga mais para baixo ainda as perspectivas da indústria automobilística brasileira. Desde uma atitude mais racional e objetiva do brasileiro que não sonha mais com o automóvel como acontecia 20/30 anos atrás – Automóvel ocupava a primeiro lugar disparado no sonho de consumo dos jovens, e hoje já não figura nas 10 primeiras posições – os que sonham em meio a pesadelos tiram carta com 27 e mais anos, e no pós-pandemia e com a adesão crescente das empresas ao home office, trabalho a distância, o carro vai despencando na prioridade das famílias… Ou seja, por razões conjunturais e estruturais o automóvel vai despencando na lista das prioridades e sonhos, e o Brasil, que um dia disse ter um potencial de produção e vendas de sete milhões de veículos ano, quem sabe agora, nem mesmo 2 milhões seja esse potencial. Por essa razão, e outras mais, e não obstante a falta de componentes eletrônicos, os pátios das montadoras que sobreviveram estão abarrotados, e muitas concedendo antecipação de férias… 12 das 17 fábricas decidiram interromper a produção por um prazo ainda não definido, e de olho numa eventual melhora nas vendas… Que nunca mais irá ocorrer de forma consistente… Fim de um ciclo. Os automóveis, como sonho de compra e uso dos brasileiros segue despencando na lista dos sonhos e prioridades. E quando excepcionalmente uma pessoa ou família sentirem necessidade, muito provavelmente não comprarão. Alugarão por um final de semana ou uma semana, no máximo 10 dias, ou se por alguma necessidade com alguma eventualidade, recorrerão ao CAAS – Car As A Service – carro por assinatura… Isso posto, Car, The Dream Is Over. Hoje, as indústrias de automóveis analógicas e do tempo da gasolina, encontram-se na situação descrita pelo poeta e compositor Paulo Leminski, “Acordei e me olhei no espelho ainda a tempo de ver meu sonho virar pesadelo”. Em verdade, verdade mesmo, temos uma única e derradeira exceção. Aquela que dá sustentação à regra. O ser humano mais criativo da face da terra, em termos de business, Elon Musk, e sua Tesla. Que fechou o ano de 2021 com um valor de mercado de US$800 bilhões – mais que todas as demais montadoras “analógicas” – da geração gasolina – somadas: Volks, Toyota, Honda, GM, Fiat, Chrysler, Mercedes, Nissan, Peugeot, Renault e Kia. Tesla que vai completar 20 anos no dia 1º de julho próximo, e que promete produzir e vender a partir de 2030, 20 milhões de carros por ano… Da geração dos elétricos…
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Diário de um Consultor de Empresas – 12/05/2023

A necessidade imperiosa e inadiável de reindustrializar o Brasil. O CUSTO BRASIL é insuportável. As empresas estão desconsiderando, ou, desistindo de nosso país…
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Negligência e omissão

Quase o nome de um filme… Dentre as marcas mais citadas por péssimas razões no ano passado figura nas primeiras colocações Takata. Isso mesmo, a Takata com seus airbags assassinos. Airbags esses que foram colocados em 4.352.428 veículos fabricados no Brasil e mais de 100 milhões em todo o mundo. Praticamente todas as principais montadoras eram clientes da Takata e de seus airbags assassinos. Dentre outras, Honda, Toyota, Nissan, Mitsubishi, Mazda, Subaru, BMW, Ford, GM, Fiat Chrysler, Volks. Airbags assassinos que em determinadas situações explodem como se fossem granadas e em situações excepcionais podem até mesmo matar as pessoas dentro dos automóveis. No Brasil, o último dado disponível e comprovado falava de 39 casos de explosão, com uma morte e 16 feridos. Os airbags possuem uma peça de metal chamada de deflagrador e que contém um elemento químico gerador de gás. Essa pecinha é que faz com que o airbag expanda-se imediatamente diante de qualquer acidente. Em algumas situações de colisão, o deflagrador defeituoso mais que liberar o gás, literalmente explode, rompe a bolsa e lança centenas de estilhaços de metal em alta velocidade contra os ocupantes do carro. E aí, cada uma das montadoras a seu jeito, e dependendo da qualidade de seus cadastros de clientes, e da relação que mantém com seus clientes, foi convocando para a troca, para o recall. Mas menos da metade dos proprietários de automóveis em risco atendeu à convocação. E de tempos em tempos, alguma montadora, advertida por seus advogados procura sensibilizar os proprietários para que agendem a substituição e reparo. No primeiro semestre de 2021, e no desespero, a GM deu início a uma promoção, diante do insucesso de iniciativas anteriores, tentando sensibilizar os proprietários dos 144.272 sedãs Classic, e 91.573 hatchs compactos Celta, que até aquele momento não tinham atendido a convocação, e para fazê-lo o mais rápido possível. E para tanto ofereceu a todos que atendessem o recall um vale combustível de R$ 500, e ainda concorriam ao sorteio de três carros zero-quilômetro. O hoje chamado “Affair Takata”, é, de longe, o maior cochilo jamais cometido por qualquer indústria. Todas as montadoras que compraram os airbags da Takata para seus diferentes modelos agiram, no mínimo, com negligência. E assim, e enquanto um último modelo continuar rodando com os airbags potencialmente assassinos, essas montadoras não dormirão tranquilas. Como era mais que esperado, a Takata não resistiu o tamanho da lambança, e declarou-se falida, e vendeu o que restou aproveitável de suas máquinas em instalações para a Joyson Safety Systems, uma vez que a marca não valia mais nada. E um documentário está sendo finalizado neste momento — Ticking Time Bomb – The Truth Behind Takata Airbags ou “Bomba relógio – a verdade por trás dos airbags da Takata”, onde revela-se, assim como aconteceu durante décadas na indústria de cigarros, os executivos da Takata sabiam dos elevadíssimos riscos que seus airbags representavam. E, mesmo assim, seguiram vendendo… Ou seja, o documentário deveria chamar-se negligência ou omissão. Melhor ainda, crime culposo. No dia 26 de junho de 2017, a Takata ingressou com pedido de falência. Seus airbags até hoje seguem ferindo gravemente, e até mesmo matando…