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Festival da Cauda Longa

Cauda Longa, termo criado pelo genial Chris Anderson, em inglês The Long Tail, fala de um novo fenômeno ‒ na época, e a partir da virada do milênio ‒, de uma série de produtos que uma vez superados foram ficando pelo caminho, mas minimamente resistindo na paixão dos nostálgicos e saudosistas. Uma quantidade mínima e insuficiente pra produzir vendas e sucessos consistentes, mas o suficiente para preservar acesa uma pequena chama, tipo vela. Em momentos como o que estamos vivendo, trancados em casa, saindo pouco, emotivos, saudosos, as plataformas de comunicação mais que aproveitam e tentam fisgar uma lasquinha desse saudosismo. Numa edição da revista Veja de 2021, três momentos Cauda Longa. A primeira quando alardeia uma suposta mudança de hábito nas compradoras das chamadas marcas de luxo. Que compram agora suas bolsas, vestidos, sapatos, relógios, pela internet. Não, não compram. No máximo usam o mecanismo facilitador para realizar uma compra que decidiram visitando lojas, conversando com seus vendedores de confiança dessas marcas, e só depois, fazendo a compra de uma forma mais prática. Apenas isso. Se existir alguma pessoa seguidora de uma marca que eventualmente tenha passado a adotar esse tipo de comportamento, não é uma seguidora de verdade. Nas páginas seguintes, outra manifestação no mesmo sentido e direção. Mulheres arrependidas dos peitões que colocaram, e nessa onda de pentimento, ‒ arrependimento ‒ voltando aos mesmos cirurgiões para resgatar os peitinhos perdidos. De novo, uma bobagem. As que fizeram e realizaram seus sonhos de forma madura e consciente, seguem com seus peitões abrindo caminhos e iluminando a paisagem. Todas as demais, que foram na base da emoção, arrependidas, mesmo porque em boa parte dos casos os peitões começaram a arriar, e assim, e sem outra alternativa… E ainda na sequência ‒ Veja caprichou na apologia a manifestações cauda longa, fala de uma suposta volta das músicas em fitas, isso mesmo, as tais das fitas cassetes. Essa suposta cauda longa é mínima. Dispensa comentários. Mesmo porque os maiores compradores de música, ainda os jovens, não têm a mais pálida ideia do que foram os discos e as fitas cassetes. Não têm e muito menos precisam. Tem no celular acesso a toda musicografia dos últimos 100 anos, e que acessam com um simples toque em uma ou duas teclas. Outro dia a adorada netinha do Madia, a Victoria perguntou se ele ainda tinha algum disco guardado. E o Madia respondeu, perguntando, “Victorinha, de alguma música ou cantor específico?”, “Qualquer um, vô, é para decorar a parede do meu quarto…”. É isso, amigos. Mas com pessoas trancadas em casa, assunto esgotado, certamente Veja conseguiu fornecer assunto para algumas conversas. Que terminadas, ninguém nunca mais vai tocar no assunto. Nem mesmo lembrar-se que falou a respeito…