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Negócio

Centauro e Nike, ou, quando os advogados traduzem as razões, os motivos, e a estratégia

Na quarta-feira, 4 de novembro de 2020, e finalmente, o Cade aprovou a compra da operação da Nike no Brasil pela Centauro – Grupo SBF. Essa compra ocorreu no mês de fevereiro, dias antes da disseminação do Covid-19, e implicou num valor de R$ 900 milhões. Por ocasião do julgamento e decisão do Cade, e de certa forma, os advogados das partes traduziram a estratégia de cada um dos lados. Pela Nike falou o advogado Bruno de Luca Drago. Disse que a operação não significa a saída da Nike do mercado, apenas o fortalecimento. E completou, “É importante notar-se que o grupo Nike manterá sua autonomia, sua independência em relação às estratégias comerciais, e de posicionamento, supervisionando todas as atividades e movimentações do Grupo SBF, no tocante a distribuição dos produtos da Nike”. E pelo Grupo SBF falou a advogada Bárbara Rosemberg: “Em ambiente no qual a competição no varejo é cada vez mais acirrada, é fundamental para a viabilidade do negócio da SBF dispor de outras formas de receita, na medida em que o varejo especializado no Brasil e no mundo vem enfrentando novos desafios decorrentes do reposicionamento de gigantes como Amazon e Magazine Luiza…”. É isso, SBF não comprou toda a operação da Nike, apenas assumiu a distribuição e comercialização, e a Nike não está desistindo do Brasil, apenas fortalecendo sua posição concentrando-se na estratégia, posicionamento, política de produtos, e branding. Ainda que sob a ótica e nas palavras dos advogados, é sempre muito bom ver empresas que preservam a lucidez. Sabem com precisão, as missões a que se propuseram e o que de verdade lhes compete fazer. Ótimo exemplo da consciência da especialização, das competências específicas. A propósito, e aproveitando o tema, muitos queridos amigos nos perguntam qual a diferença que existe entre propósito e missão. Em verdade, são quase sinônimos, significados muito próximos que até fica difícil estabelecer-se grandes traços de diferenciação. Aqui na Madia nossos consultores optaram por usar a palavra propósito exclusivamente quando nos referimos a pessoas, ao ser humano. O propósito de cada um de nós. Guardamos a palavra missão para definir o que mobiliza as empresas, o conjunto de pessoas, os músicos da orquestra em sua totalidade. Cada um de nós tem seu propósito, e quando atuamos coletivamente embarcamos na missão da empresa, do grupo. Mas, e como sempre, nossa recomendação melhor, é, e sempre, escolha o entendimento que fale mais alto a seu coração. E, depois, mergulhe de cabeça.
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