Tag: #Amil

Negócio

Golden Cross

No jornal O Globo, de meses atrás, a notícia de que a Golden Cross tenta um lancinante “levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima”. Mais conhecido na linguagem dos especialistas, como, turnaround… Difícil, complicado, quase impossível. Nessa tentativa reencontra, ou melhor, não encontra um território que apenas se renovou… Encontra um mais que novíssimo território, um território da saúde que praticamente renasceu e é outro, muito melhor, mais competitivo, do que o território onde um dia a Golden Cross foi líder. Segundo O Globo, a Golden Cross, fundada há mais de 50 anos no Rio de Janeiro, da família Afonso, e na palavra de seu presidente Franklin Padrão, “Estávamos estacionados há dois anos, tentando acertar processos internos. Agora fizemos uma mudança estratégica para acelerar a comercialização…”. Em verdade, a Golden Cross não está estacionada há dois anos. Parou no tempo há quase duas décadas. Já no ano de 1997, 26 anos atrás, Frederico Vasconcelos escrevia na Folha do domingo, dia 31 de agosto, o seguinte, “A crise da Golden Cross reproduz, no mercado dos serviços de saúde, a decadência de outros impérios privados que cresceram graças à inflação e se mostram despreparados para manter a posição numa economia estável… Assim com uma Mesbla, a Golden Cross tinha graves problemas de administração de negócios, operava com custos elevados, mascarados pelos ganhos financeiros decorrentes da inflação…”. Na matéria de O Globo, comenta-se sobre a volta da Golden Cross na propaganda com Fernanda e a Fernandinha Montenegro, sobre a mudança de sede, e muito mais. E lembra que no ano de 1997, quando a Folha publicou a matéria que citamos, ainda era líder do território dos planos de saúde com 2,5 milhões de clientes e faturamento de R$7 bi a valores de hoje. Nos números da ANS – Agência Nacional de Saúde ‒ a Golden Cross tinha, em maio de 2020, 318 mil beneficiários, contra uma Amil com 1,2 milhão… Ou seja amigos, muito difícil, depois de mais de duas décadas, conseguir-se agora, a tal da volta por cima… Existe um longo, gigantesco, concorrido e novíssimo caminho pela frente. Tarefa para gigantes. Mas, e no mínimo inspirador, uma empresa que reinou absoluta décadas atrás, tentar, ainda que com possibilidades mínimas, resgatar o brilho de um passado não tão distante.
Negócio

Pedro de Godoy Bueno, Empreendedor do Ano, CEO do Grupo Dasa, 32 anos

Um dia, o mais que querido amigo da Madia, Edson de Godoy Bueno, membro eterno da Academia Brasileira de Marketing, e fundador da Amil estava jogando tênis. Fevereiro de 2017, 74 anos. Dono da maior empresa de planos de saúde do Brasil, não dava muita importância a sua saúde. Cardiopata, sofre um infarto fulminante… “Como você pode imaginar, meu pai tinha acesso aos melhores médicos e hospitais… De certa forma foi uma das pessoas que criou um setor da saúde do jeito que é hoje, mas esse setor falhou com ele…”, disse Pedro, a Daniel Salles do jornal Valor. Pouco mais de um ano antes Pedro, 24 anos de idade, assumiu o comando do Dasa. Empresa fundada no ano de 2003, dona de uma soma de laboratórios – Lavoisier, Delboni Auriemo e Salomão Zoppi, mais 10 hospitais, e quinta maior rede diagnóstica de todo o mundo ‒ 247,6 milhões de exames e 973 mil atendimentos médicos em 2020. Em verdade, o negócio do pai do Pedro, Edson, era a Amil. Com a venda da Amil, em 2012, para a UnitedHealth, a família ficou megacapitalizada e, em 2014, arrematou 75% da empresa controladora do Dasa. Ao assumir o comando do Dasa, e com seu pai Edson ainda vivo, Pedro, formado em economia pela PUC-RJ, diz: “Meu pai era contra. Sempre quis que eu tivesse uma experiência executiva, achava que era um desafio muito grande para seu filho… Mas decidi encarar o desafio… Pensei, se tudo der errado, ninguém vai me culpar, porque tenho 24 anos. Vão culpar os loucos do conselho de administração que me colocaram aqui. Não tenho nada a perder… Ah, antes de aceitar a posição pedi carta branca a meu pai. Ele disse que daria, não acreditei, mas deu mesmo e de verdade…”. Hoje, mesmo ainda muito jovem, Pedro valoriza a trajetória que a vida e as circunstâncias determinaram a ele, “Você pode estudar gestão em Harvard, mas, na verdade, só aprende fazendo. É uma mistura de ciência e arte. Aprendi “on the job”. E por ter a clareza que estava em formação, desenvolvi a capacidade de ajustar a rota quando preciso. E deu certo…”. O que aconteceu com Edson, seu pai, e com um outro amigo, que de certa forma morreram podendo ter driblado a morte se fossem mais atentos aos exames, de certa forma definiu muito o reposicionamento do Dasa, e o nascimento da plataforma Nav, lançada em abril de 2021. Segundo Pedro, um dos desafios da medicina era, e ainda é, de certa forma, a fragmentação. Cada uma cumpre uma etapa e dá sua missão por encerrada. Por exemplo, feito um exame, tudo o que o laboratório tem a fazer é entregá-lo para o paciente… E assim muitos casos graves poderão permanecer adormecidos na memória de um computador, ou num exame não acessado… “Em nossa plataforma Nav pretendemos diminuir esse tipo de risco, essas fatalidades. Através da Nav e além de consultas on-line, agendar exames, ainda todos podem e devem consultar exames e compartilhar exames com médicos e parentes…”. “Nossos algoritmos, diz Pedro, conseguem detectar quando um paciente, por exemplo, está com câncer em estágio inicial e nos leva a tomar uma atitude. Podemos ir atrás do paciente ou do médico caso a caso, e oferecer o melhor tratamento a tempo, na hora certa… Hoje já são 450 mil pacientes cadastrados…”. E, Pedro lembra que o sistema de saúde – clínicas, hospitais, médicos – nasceu nas grandes guerras do século passado, e ganhava dinheiro tratando de doenças. Daqui para frente terá que se viabilizar prevenindo doenças – é melhor e mais eficaz em todos os sentidos impedir um pré-diabético de tornar-se diabético, do que lidar, mais adiante, com as consequências da doença… Quando Edson morreu, a Dasa não dispunha de nenhum hospital… “E aí nos deu o clique, diz Pedro. Tudo o que tínhamos vinha funcionando muito bem, mas isso não atendia na plenitude as necessidades e expectativas de nossos clientes, do usuário. Foi nesse momento que concluímos que nosso negócio não é fazer exame, é promover saúde…”. No final de sua entrevista, e olhando para o futuro, Pedro disse, “Daqui a alguns meses, em tese, a vacinação terá sido concluída. Mas o que vamos fazer com nosso país nos próximos 10 ou 20 anos? Falta uma narrativa para unir o país, e compete a todos nós escolhermos um novo líder para desempenhar essa missão…”. E pelo resultado das eleições, ainda não escolhemos o novo líder que nosso país mais que precisa. Quem sabe, na próxima. Depende de nós.
1
Blog do Madia

Diário de um Consultor de Empresas – 05/11/2021

Aos 24, PEDRO, assumiu o comando de uma das maiores empresas do país. Desde então multiplicou seu tamanho algumas vezes, e lançou uma plataforma neste 2021 que salvará milhares de vida. PEDRO DE GODOY BUENO, hoje, 31 anos.