O antes e o depois mataram o durante

E aí nasceram os aviões.

E tudo – mercadorias e pessoas, literalmente voariam. Num céu aberto, sem barreiras de qualquer ordem, e fazendo em menos de um dia o que os navios levavam semanas ou mesmo meses para conseguir. E durante décadas reinaram absolutos. As vantagens eram tão grandes que os desenvolvimentos foram reduzindo de velocidade.

Uma das últimas e trágicas tentativas, o maravilhoso e fascinante avião, quase pássaro, chamado Concorde, que recebeu milhares de encomendas e só conseguiu fabricar cinco, criou rombos monumentais nas finanças da Inglaterra e da França, e foi, de forma patética, descontinuado. E na sequência novos aviões, mais e novos aperfeiçoamentos, e os voos foram ficando mais confortáveis, acessíveis, e, de longe, a melhor solução para as pequenas, médias e grandes distâncias.

Passaram-se décadas, as principais metrópoles do mundo onde encontram-se os principais Hubs da aviação comercial foram se adensando, e o avião seguia soberano no durante, mas, no antes e no depois foi perdendo terreno. As pessoas, em mais de 50% dos voos, talvez 80%, perdiam mais tempo nos trajetos até os aeroportos, nas salas de espera para o embarque, e depois para saírem dos aviões e aeroportos e finalmente chegarem aos destinos, do que, claro, nos voos, que levavam minutos ou poucas horas.

O trânsito, o antes e o depois, ressuscitaram outros meios de transportes.

E hoje, 114 anos depois do voo de Santos Dumont, no 14 BIS, e com as limitações das distâncias dos aeroportos, do trânsito, das decolagens, dos desafios e dependências do tempo, quem diria, o mundo começa a reconsiderar outros meios de transportes para a curta e média distância.

Da virada do milênio para cá, os trens – agora balas – ressuscitaram e hoje prevalecem no país mais avançado do mundo, a China. E no Japão, também, e começam a crescer em outros países.

E antes desta década encerrar-se, um dos queridos malucos da atualidade, Richard Branson, o senhor Virgin, colocou em prática o projeto do outro maluco e criativo, Elon Musk. O Hyperloop.

O meio de transporte que reverte à suposta lógica da energia propulsora. Sustenta-se, como os carros de corrida nas ultrapassagens, no vácuo. Não se sustenta em trilhos… Como nos milagres, levita.

O veículo não é impulsionado, é sugado.

É isso, amigos. A tal da lógica da impulsão, da energia propulsora, que era dominante nos transportes, começa a se despedir, ou, no mínimo, a dividir o terreno com o vácuo.

Durante esta década, Musk, Branson, Bezos e outros malucos e seguidores investirão bilhões na reinvenção dos sistemas de transportes em todo o mundo.

E as gerações que começarão a chegar ao mundo nos ano 2050, terão enorme dificuldade de entender o apreço que tínhamos por carros, aviões, navios…

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