Na crise descomunal de bares, restaurantes e escritórios, as casas de leilões batem todos os recordes. Mesas, cadeiras, talheres, toalhas, fogões, fornos, todos os dias, aos milhares. Lugares queridos que partem para sempre. Enquanto o mundo não acabar, e sempre, o ideograma chinês continuará se demonstrando verdadeiro, no mundo real. Crise é igual a oportunidade.

Não necessariamente igual, e nem sinônimo, mas, sempre, traz em si algumas oportunidades. Muitas vezes, trágicas oportunidades, mas, não deixam de ser oportunidades. Para empresários e negócios de verdade, e, claro, para bandidos, também. Como e, por exemplo, oportunidades que se traduzem na conhecida teoria da janela quebrada, lembram.

Pessoas passam por uma mesma casa, por exemplo, todos os dias, e sempre veem na porta um casal amoroso despedindo-se, com os filhos brincando. E assim segue a vida. Nos dias seguintes a mesma e feliz cena. Até que essas mesmas pessoas sentem algo estranho e descobrem essa estranheza decorrer de não verem mais nem o casal nem os filhos.

Passam-se os dias e nada. Um dia reparam que uma janela daquela casa está quebrada. Em questão de semanas a casa estará dilapidada, destruída. O mesmo acontece com um carro parado na rua sucessivos dias sem que nada aconteça. Até que um dia estouram a janela e roubam o som. Em poucos dias nem mesmo os pneus sobram. Essas são as oportunidades do e para o mal.

Na atual crise, com a falência, fechamento e destruição de milhares de negócios, muitas, ainda que tristes oportunidades manifestam-se para outros. E estamos nos referindo a oportunidades legais, não a bandidos e criminosos como temos testemunhado no avanço de políticos nos dinheiros para a compra de medicamentos e respiradores.

Quem melhor ilustra essa situação são as chamadas casas de leilões. Atividade mais que necessária e absolutamente legal. Com o fechamento de milhares de restaurantes no Brasil, isso mesmo, dezenas de milhares, nunca se assistiu tanto leilão de mesas, cadeiras, toalhas, talheres, pratos, bandejas, copos e demais equipamentos típicos de bares e restaurantes como hoje. O número de bares e restaurantes fechados em decorrência da pandemia, e dependendo da cidade, equivale a dez vezes mais dos fechados em igual período de 2019.

O mesmo acontece agora, e em semelhantes proporções, com os chamados móveis para escritório. Com o fechamento das empresas, ou a migração para o home office. Sem as pessoas, e sem os móveis, milhares de prédios corporativos nas grandes cidades terão que ser revocacionados.

Uma parte deles, boa parte, vai se converter em hortas e criadouros urbanos!

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