Branding, por quem sabe construir…

Nos correr de seus 42 anos, a Madia vem prestando serviços de branding para mais de 500 empresas e 3000 marcas. Desde o planejamento, posicionamento, criação e desenvolvimento de marcas a partir do zero, até correções, reposicionamentos e rebranding. Dentre as 100 principais marcas do Brasil mais de 30 nasceram ou foram reposicionadas por nossos serviços de Branding & Marketing Consultancy.

Em todos esses processos, e no final do primeiro estágio dos trabalhos, constrói-se a infinitas mãos, e com o capital humano da empresa, o que chamados de Brandbook, o Livro da Marca. Uma vez construído, um exemplar do Brandbook é entregue a cada um dos profissionais que integram o capital humano da empresa, e a todos os novos que chegam logo no primeiro dia de trabalho. Recomendamos, e a maioria de nossos clientes segue, que a entrega do Brandbook da empresa ao novo funcionário seja missão indelegável do presidente ou CEO da empresa. Aquele que foi responsável pelo Manifesto que deu origem à empresa.

O Brandbook contém sete partes: Manifesto, Narrativa, Missão, Visão, Compromissos, Valores e Legado. Contrariando o que a maior parte das empresas de branding fala, o Propósito não faz parte do Brandbook. É uma definição individual e específica de cada um dos integrantes do capital humano da empresa, de cada uma de suas áreas e unidades.

Mas, e nos últimos dois anos, em decorrência da pandemia, muitas empresas agonizando, em estado terminal, e enfrentando dificuldades monumentais. Algumas não resistindo e fechando os olhos para sempre. Outras, no entanto, e mesmo sensivelmente debilitadas, resistem bravamente. E algumas, até, pela sua resiliência e decisão de honrar até o fim a missão a que se propuseram, bambeiam, dobram, vergam, mas não entregam os pontos.

Dentre os exemplos mais empolgantes destes tempos de tristeza, fechamentos, sofrimentos, desempregos, a decisão de Walter Mancini, o homem que reinventou uma rua do centro da cidade de São Paulo, cuida dessa rua com imenso carinho e competência, e que comprometeu-se a não desistir jamais.

Em emocionante e histórico depoimento prestado ao jornalista Fernando Branco Cruz, criou uma espécie de Manifesto de Resistência ou Sobrevivência, publicado na Veja SP em 2021, que revela-se um ótimo exemplo para as demais empresas.

Disse Walter Mancini,

“Uma notícia falsa que circulou recentemente na internet dizia que, devido às medidas de isolamento social implementadas em São Paulo, meu restaurante, o Famiglia Mancini, estava falido e iria fechar as portas para sempre. É mentira. De certa forma o boato foi bom porque recebi dezenas de ligações, e-mails e até cartas de clientes de todo o Brasil me apoiando, e isso me deu ainda mais gás para lutar por meu negócio. Há 42 anos, em 10 de maio de 1980, eu fundei o Famiglia Mancini na Rua Avanhandava, na capital paulista. Desde então, todos os dias, às 6h30 da manhã, eu sou o primeiro a chegar. E o último a sair, já de madrugada. Tanto trabalho rendeu frutos. De lá para cá, na mesma rua, abri outros quatro restaurantes e uma galeria de arte. Minha filha inaugurou por lá uma loja de roupas e acessórios. Revitalizamos a vizinhança e a transformamos em um ponto turístico, um polo gastronômico a céu aberto. Desde o estouro da pandemia, no entanto, as coisas ficaram bastante difíceis. Não só o meu restaurante, como todos os outros foram obrigados a fechar as portas e a atender somente por delivery. Nesse abre e fecha, felizmente voltaremos a servir almoço a partir deste sábado.
Mas, a queda foi tão grande que, se antes eu comprava um caminhão de verduras e legumes no Ceasa, hoje é suficiente ir às feiras livres. Os meses foram passando e meu caixa acabou. Para manter todos os meus estabelecimentos abertos, honrar compromissos com os fornecedores e, principalmente, pagar todos os meus funcionários, precisei recorrer ao banco. Desde então, em média, tenho despesas mensais de cerca de R$ 130.000 por restaurante. Somando tudo, em um ano acumulei R$ 9 milhões em empréstimos. Estou no limite do meu crédito. Mas não estou falido. Hoje, eu ainda emprego cerca de 300 funcionários. Antes, eram mais, mas muitos foram embora. Acertei as contas com todos eles, com decência e dentro da lei. Sem traumas e numa relação carinhosa e de agradecimento. Daí, você me pergunta: não seria melhor fechar? Não. E a razão é simples: minha vida está naquela rua. Eu quero que aqueles restaurantes durem mais 100 anos. Não sou um investidor. Sou um mantenedor. Cuido com amor. Eu não sei como isso tudo vai acabar, mas sei que, se os restaurantes morrerem, eu morro junto. Morre o restaurante, morre o Walter. Mas eu não me entrego fácil. Não posso deixar baixar o moral. Vou lutar para sobreviver porque aquilo ali é a minha história e estou defendendo a minha vida. Daqueles restaurantes eu tirei o sustento da minha casa e a criação dos meus filhos. Não existe para mim essa história de “encerrar as atividades”. Isso nem passa pela minha cabeça. Estou falando da herança dos meus filhos, e não dá para pegar um legado e jogar fora. Para mim, aquelas casas têm as digitais de Deus. Então, como eu posso fechar um lugar assim? Seria uma ousadia. Eu sou apenas o caseiro Dele. Mesmo diante de uma situação tão dramática, hoje eu estou tranquilo e sereno. Sabe por quê? Porque eu não persigo dinheiro. Eu persigo um sonho. Eu não quero o lucro ou trocar de carro todo ano. Minha natureza não é a da ganância. Eu quero ver a máquina voltar a andar, quero ver aquela rua toda iluminada novamente e repleta de pessoas felizes, com saúde e com esperança de viver. O que pingar no meu caixa, eu vou usar para pagar todas as contas. Não estou desesperado. Eu estou, sim, agradecido de ter a companhia dos meus colaboradores e funcionários. Sem soberba, devo tudo aos meus funcionários e aos meus clientes. Estamos todos abraçados. A Rua Avanhandava não morreu. Ela só está adormecida e vai acordar já, já…”.

É isso, amigos, exemplos espetaculares, histórias emocionantes, que passam a integrar os anais da grande pandemia de 2020/2021. Quando esses anais ou livros foram escritos.

Uma lição definitiva sobre Branding, em momentos de crise. E um exemplo espetacular do que seja Narrativa, ou “Renarrativas”, em momentos de graves crises. Forte abraço, Walter, tamos juntos. Amamos São Paulo, amamos o Brasil, amamos você.

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