Sobreviventes realizando os prejuízos, ou três anos cancelados…

No final de 2022, fizemos um primeiro balanço da devastação decorrente da pandemia. Naquele momento, escrevemos, “em decorrência da pandemia, centenas de milhares de negócios fecharam suas portas para sempre”. Nada mais a fazer.

Muitos ainda definham. E a maioria, ainda cambaleante, tenta retomar o ritmo em que vinham até o final de 2019.

Assim, e agora, com a pandemia aparentemente sob controle, com o comércio voltando a funcionar, a maior curiosidade é sobre em que patamar as atividades retornariam.

Os números ainda não são definitivos, mas, as fotografias tiradas revelam que esse novo nível é mais ou menos, dependendo do tipo de atividade, entre 10% a 20% menor do que eram antes da pandemia. E uma recuperação total só acontecerá, e se a economia reagir e melhorar, no final deste 2023.

Existe um claro descompasso entre a recuperação do fluxo de pessoas pelas ruas e pela vida, que praticamente já aconteceu, com um correspondente volume em compras que não aconteceu.

E enquanto não existir uma explicação melhor, é a de que, em maiores ou menores proporções, quase todos empobrecemos com a covid-19.

É como se tivéssemos perdido entre três ou quatro anos de nossas vidas, e fôssemos retomar a partir de dezembro de 2018. Como se 2019, 2020, 2021, 2022, em tempos de cancelamentos, também tivessem sido cancelados.

É assim que ingressaremos nos próximos meses de 2023. Não será fácil, mas, não temos outra alternativa que não seja arregaçar as mangas e retomar a vida. Como nos ensinou Gonzaguinha,

“Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor
A chama em meu peito ainda queima, saiba, nada foi em vão
A cuba-libre dá coragem em minhas mãos
A dama de lilás, me machucando o coração
Na sede de sentir, seu corpo inteiro, coladinho ao meu…
E então eu cantaria, a noite inteira, como já cantei, cantarei,
As coisas todas que já tive, tenho e sei, um dia terei
A fé no que virá e a alegria de poder olhar pra trás
E ver que voltaria com você, de novo, viver, nesse imenso salão
Ao som desse bolero, vida, vamos nós, e não estamos sós, veja meu bem
A orquestra nos espera, por favor! Mais uma vez, recomeçar…”.

Bom dia, ótimo recomeço, e todos mais que arregaçando as mangas, e, fingindo que nada aconteceu… Ou quase nada por que fica difícil esquecer os que partiram…

A pergunta que não quer calar. Será que desta vez, vamos, finalmente, construir um Brasil moderno e de verdade?

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